7.9.09

Paralelos

Por João Paulo Guerra

“Afastarem-me do ecrã? Só se fossem muitos estúpidos”. A entrevista de Manuela Moura Guedes ao Notícias TV saiu mesmo em cima do acontecimento: os hospedeiros da revista, JN e DN, traziam a “estupidez” nas respectivas primeiras páginas. E é assim que o PS também passa a ter o seu “caso Marcelo”.

EM 2004, o sinal de alarme contra a prestação semanal de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI soou em Setembro: o PSD/Porto criticou o comentador denunciando a “crescente agressividade” em relação ao partido e ao Governo. Duas semanas depois, o Governo, pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, estranhou o silêncio da Alta Autoridade para a Comunicação Social face aos comentários de “ódio, mentiras e falsidades” de Marcelo Rebelo de Sousa. E dois dias depois o Professor Marcelo anunciou a saída imediata da TVI.

Aguiar Branco, que era ministro da Justiça no Governo de Santana Lopes, diz agora que o “caso Marcelo” do PS, ou seja o “caso Moura Guedes”, é pior que o original, é mesmo “um dos maiores atentados à liberdade de informação em Portugal depois do 25 de Abril”. Em Novembro de 2004 foi a vez do PS se indignar e exigir a realização de um debate de urgência no Parlamento com a presença do primeiro-ministro, Santana Lopes, para “dar explicações”.

José Sócrates, líder do maior partido da oposição no Outono de 2004 e primeiro-ministro no Outono de 2009, falou em “ódio e perseguição” para rotular o Jornal Nacional das sextas-feiras na TVI, tal como o Governo de Santana Lopes, em 2004, acusara Marcelo Rebelo de Sousa de semear “ódio e falsidades” através dos comentários na TV Marcelo.

É evidente que os dois casos são paralelos: por mais que se prolonguem nunca se encontram. Embora toda a gente veja os pontos em que se cruzam.

«DE» de 7 de Setembro de 2009

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