Em obras
Por João Paulo Guerra
Com 16 presidentes em 35 anos, o PSD regista uma das mais baixas taxas de esperança de vida política do País e eventualmente da Europa: um líder, em média, dura pouco mais de dois anos. A média é um tanto falseada pelos 10 anos de consulado de Cavaco Silva. Mas Manuela Ferreira Leite, embora dentro do prazo de validade, já está de malas aviadas.
A HISTÓRIA DA DEMOCRACIA portuguesa regista altos e baixos, agudos e graves, acidentes e paz podre. Mas tem uma constante: o PSD em ebulição. Partido de poder, sem ideologia, o PSD quando esteve no poder conspirou contra ele próprio, quando esteve na oposição repartiu-se numa federação de interesses discordantes. E não se diga que é de agora.
Alguém sabe, ao certo, quantas vezes saiu e entrou Francisco Sá Carneiro da liderança do partido que fundou? Menos de um ano após fundar o PPD, Sá Carneiro afastou-se deixando o partido entregue a Emídio Guerreiro, um antifascista que contava espingardas nas reuniões social-democratas. Retomou o poder ainda em 1975, foi confirmado em 76, demitiu-se em 77, deixando o cargo a Sousa Franco. Voltou em 78 e em 79 protagonizou uma peleja interna que se saldou pela fuga de 37 deputados para a bancada dos independentes. De então para cá o PPD/PSD jamais descansou, excluindo os tempos de paz dos cemitérios do cavaquismo: o bolo era descomunal mas os discordantes não viam nem as migalhas. E uma vez afastado Cavaco a dança das cadeiras jamais parou no PSD: Nogueira, Marcelo, Barroso, Santana, Mendes, Menezes, Ferreira Leite.
E agora? Agora, bate-chapas e tinta Robialac. O PSD entrou mais uma vez em obras de reconstrução. E os capatazes que se chegam à frente correm o risco de não chegar ao fim da empreitada.
«DE» de 30 de Setembro de 2009
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