Os anões, o ministro e a burka
Por Ferreira Fernandes
O GOVERNO FRANCÊS quer proibir as vestes islâmicas integrais nos locais públicos. A burka que envolve o corpo das mulheres da cabeça aos pés, com uma ligeira abertura nos olhos.
O ministro Eric Besson, da Imigração, anda a convencer os deputados. Discutiu questões conceptuais, laicismo, igualdade das mulheres... Questões capazes de entreter juristas como a discussão do sexo dos anjos ocupou os sábios bizantinos.
Mas os deputados, mesmo os formados em Direito, já têm o curso tirado quando andam à caça dos votos e falam com o homem do talho, e gostam de argumentos concretos. Besson deu-lhes um: "Olhem, isto é como o lançamento dos anões." Surpresa. O ministro explicou: as correntes islâmicas que defendem a burka argumentam que as mulheres exercem a sua liberdade em querer andar assim, certo? Pois era exactamente o argumento dos patrões das discotecas onde anões ganhavam a vida deixando-se ser lançados contra redes: perguntem aos anões, eles gostam! Porém, em 1995, o Conselho de Estado francês proibiu o lançamento de anões por ser contra a dignidade humana.
As mulheres islâmicas são menos que os anões? Como a pergunta do ministro não foi feita a certos xeiques, mas a deputados de uma democracia em 2009, talvez a burka seja banida de Paris.
O GOVERNO FRANCÊS quer proibir as vestes islâmicas integrais nos locais públicos. A burka que envolve o corpo das mulheres da cabeça aos pés, com uma ligeira abertura nos olhos.
O ministro Eric Besson, da Imigração, anda a convencer os deputados. Discutiu questões conceptuais, laicismo, igualdade das mulheres... Questões capazes de entreter juristas como a discussão do sexo dos anjos ocupou os sábios bizantinos.
Mas os deputados, mesmo os formados em Direito, já têm o curso tirado quando andam à caça dos votos e falam com o homem do talho, e gostam de argumentos concretos. Besson deu-lhes um: "Olhem, isto é como o lançamento dos anões." Surpresa. O ministro explicou: as correntes islâmicas que defendem a burka argumentam que as mulheres exercem a sua liberdade em querer andar assim, certo? Pois era exactamente o argumento dos patrões das discotecas onde anões ganhavam a vida deixando-se ser lançados contra redes: perguntem aos anões, eles gostam! Porém, em 1995, o Conselho de Estado francês proibiu o lançamento de anões por ser contra a dignidade humana.
As mulheres islâmicas são menos que os anões? Como a pergunta do ministro não foi feita a certos xeiques, mas a deputados de uma democracia em 2009, talvez a burka seja banida de Paris.
«DN» de 19 Dez 09
Etiquetas: autor convidado, F.F
4 Comments:
Eis um comentário inteligente e oportuno.
Veremos se a Pátria dos Direitos do Homem, da Igualdade, da Fraternidade e da Solidariedade acorda para esta realidade : as vestes que confirmam, reforçam e prolongam o estatuto de subalternidade da Mulher na sociedade, em qualquer parte do Mundo, no seio de qualquer prática religiosa, devem ser banidas dos ambientes públicos franceses.
Se a França aceitar estas «especificidades culturais», a coberto do suposto respeito das variantes multiculturais e religiosas, estará a desonrar vários séculos de História.
Sarkozy vai ser posto à prova e com ele toda a reputação cultural da França.
A mutilação genital praticada por algumas "culturas" também é ao gosto do mutilado? Essa é óbvia. A do rosto coberto, não tanto.
Há ainda outra razão, que é a da segurança. Não podemos andar todos irreconhecíveis de gorro passa-montanhas, ou podemos?
Não esqueçamos que os anões rolantes eram usados e explorados pelo lucro, tal como os animais do circo, recentemente proibidos em Portugal. Como reagiria o governo francês, se após a proibição das vestes islâmicas, se assistisse à debandada daquelas populações islâmicas, não por serem expressamente expulsas, mas implicitamente, pois o país que as havia acolhido e que escolheram como pátria, o país onde nasceram, tiveram filhos e netos, de repente lhes puxasse o tapete. Qual expulsão dos jesuítas, versão contemporânea. Pelo menos que se fizesse um referendozito, secreto, dirigido apenas a senhoras islâmicas, para se apurar directamente da fonte, se usam ou não, voluntariamente as suas burcas. Violência Doméstica é sempre crime, independentemente das “especificidades culturais” de cada um. Usar uma peça de vestuário, tape lá ela a cara ou as orelhas é para mim a mesmíssima coisa que uma tatuagem ou um piercing no meio dos olhos.
Não esqueçamos que são cidadãos franceses que lutam pela liberdade de vestirem como lhes apetece.
Depois chamam reaccionários aos que se insurgem contra a importação de outras culturas para a Europa, por motivos económicos. Isto é, para haver trabalhadores baratos a recolher o lixo, na construção civil, eetc., a fazer trabalhos que os europeus consideram menores.
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