Red Bull corta as nossas asas
Por Ferreira Fernandes
LISBOA NÃO É Lisboa SAD nem Lisboa SA, nem clube, nem empresa, é a capital portuguesa. Tal como o Porto não é SAD nem SA, é cidade portuguesa. Uma não seria o que é sem a outra. Durante séculos fizeram-se assim, uma para a outra. Foi no Porto que os cruzados do Norte da Europa foram convencidos a parar em Lisboa e fazê-la parte do Portugal que se fazia. Foi Lisboa que se levantou com o Mestre de Avis e livrou o Porto de ser castelhano. Foram uma e outra, pelos séculos, por Portugal.
Camilo nasceu no Bairro Alto e foi buscar a mulher da sua vida à Baixa do Porto; entre os dois acontecimentos, aprendeu na aldeia de Vilarinho de Samardã o português que lhe permitiu fazer lembrar a Lisboa e ao Porto que o resto de Portugal não é paisagem.
Eu, que sou de fora, de outros lugares que este Portugal permitiu, olho as duas cidades, vejo-as tão diferentes e não consigo vê-las afastadas. Sorrio às picardias bairristas, conheço-lhes as vantagens e fraquezas e amo ambas. Gosto que compitam porque, afinal, beneficio eu. Mas compitam, desculpem-me a inocência das palavras, como irmãs de destino comum. Que uma bebida manhosa leve uma, Lisboa, a roubar a outra, Porto, é indigno de tanto passado. E, basta ver o que acontece no país aqui ao lado, enfraquece o futuro
«DN» de 17 Dez 09LISBOA NÃO É Lisboa SAD nem Lisboa SA, nem clube, nem empresa, é a capital portuguesa. Tal como o Porto não é SAD nem SA, é cidade portuguesa. Uma não seria o que é sem a outra. Durante séculos fizeram-se assim, uma para a outra. Foi no Porto que os cruzados do Norte da Europa foram convencidos a parar em Lisboa e fazê-la parte do Portugal que se fazia. Foi Lisboa que se levantou com o Mestre de Avis e livrou o Porto de ser castelhano. Foram uma e outra, pelos séculos, por Portugal.
Camilo nasceu no Bairro Alto e foi buscar a mulher da sua vida à Baixa do Porto; entre os dois acontecimentos, aprendeu na aldeia de Vilarinho de Samardã o português que lhe permitiu fazer lembrar a Lisboa e ao Porto que o resto de Portugal não é paisagem.
Eu, que sou de fora, de outros lugares que este Portugal permitiu, olho as duas cidades, vejo-as tão diferentes e não consigo vê-las afastadas. Sorrio às picardias bairristas, conheço-lhes as vantagens e fraquezas e amo ambas. Gosto que compitam porque, afinal, beneficio eu. Mas compitam, desculpem-me a inocência das palavras, como irmãs de destino comum. Que uma bebida manhosa leve uma, Lisboa, a roubar a outra, Porto, é indigno de tanto passado. E, basta ver o que acontece no país aqui ao lado, enfraquece o futuro
Etiquetas: autor convidado, F.F
3 Comments:
Confesso que, mal soube que o evento iria sair do Porto, imaginei que o seu destino fosse a capital.
2 questões que se colocam:
- Em primeiro lugar, saber de quem foi a iniciativa da saída do Porto e passagem para Lisboa? Da "bebida manhosa", de um convite da CML, de quem?!
- A CML falou, ou não, com a sua congénere nortenha, no sentido de, primeiro, colocá-la ao corrente da situação e, segundo, saber se a solução era "pacifica".
Até porque há algumas nuances: a mudança é definitiva?; Lisboa paga mais do que o Porto para que o evento lá se realize?; a Red Bull pretende ter maior afluência e diversificar locais de competição?
Há aqui uma série de questões que tem de ser analisadas.
Dizer, preto no branco, que "mais uma vez a capital açambarca tudo", parece-me precipitado.
Como diria o outro: é a Economia, estúpido. Quem mais dá, mais tem, é só isso. Como portuense, lamento, mas entendo que a bebida manhosa vá para a capital. Se, aliás, já lá está tudo (Lisboa é um sorvedouro), a corrida de aviões também pode ir. Há ir e voltar, como dizia um outro.
Como nasci no Porto e moro em Lisboa (há 61 anos...), estou à vontade para dizer que, quem quiser, pode levar para a sua terra o Red Bull, as corridas da Renault, as marchas de aniversário da SIC, etc.
Em troca, dêem-nos autarcas que se preocupem, DE FACTO, com o bem-estar de quem vive e trabalha na cidade.
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