Dividir
Por João Paulo Guerra
Porém, o caso mais conseguido é ainda o da eleição de Cavaco Silva contra a dupla Manuel Alegre e Mário Soares. Aí não se tratou de os socialistas se dividirem mas de serem divididos. O PS estimulou um candidato, depois lançou e apoiou outro. (...)
Texto integral [aqui]
Um PS dividido perante uma candidatura à Presidência da República é já a rotina nas corridas a Belém.
O CASO mais emblemático será o da eleição de Ramalho Eanes contra Soares Carneiro, em que o partido se repartiu entre o Secretariado e os outros. Mas parte do PS também tentou roer a corda na eleição de Jorge Sampaio contra Cavaco Silva, ou pelo menos na apresentação da candidatura.Porém, o caso mais conseguido é ainda o da eleição de Cavaco Silva contra a dupla Manuel Alegre e Mário Soares. Aí não se tratou de os socialistas se dividirem mas de serem divididos. O PS estimulou um candidato, depois lançou e apoiou outro. (...)
Texto integral [aqui]
Etiquetas: autor convidado, JPG
5 Comments:
Aquando da vitória de Cavaco, ouvi vários socialistas dizerem que, se Alegre não tivesse aparecido, Soares tinha ganho.
Confirmando o que se lê no fim desta crónica de JPG, a avaliar pelas pessoas que eu conheço, isso não é verdade.
Soares criou muitos anticorpos, pelo que, se só aparecesse ele contra Cavaco, muita gente, mesmo de esquerda, se teria abstido, votado em branco... ou mesmo em Cavaco.
A campanha eleitoral de Soares também não ajudou. Contrariando todos os conselhos, ele não fez senão atacar Cavaco, colocando-se a si mesmo numa posição inferior ao adversário.
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Nas eleições que se avizinham, se Alegre não conseguir uma imagem de quem está acima da dicotomia esquerda/direita (e, para já, é isso que se prepara...) não terá grande sorte.
A esquerda terá uns 40-45% de votos, e já poderá fazer uma grande festa.
... de forma descompassada
As palavras trovadas
em sons descompassados
são sempre enturvadas
por cantos repassados.
Da guitarra dedilhada,
com cordas envelhecidas,
sai a canção farfalhada
de toadas distorcidas.
São anos de fatuidades
repletos de insolência
demonstrando acuidades
de tamanha opulência.
O PS volta a estar numa grande alhada. Vai apoiar Alegre? Vai desencantar um candidato? E quem? Se for pela 2.ª hipótese, Cavaco pode cantar vitória e por maior margem.
Estes candidatos do PS é que metem o partido em alhadas.
Relembremos que Sampaio avançou por conta própria;
Em 2006, Alegre fez o mesmo (e Soares impôs-se como candidato oficial).
Agora, Alegre faz o mesmo.
Em princípio, fazem bem, pois mostram independência do partido.
O pior é quando, depois, precisam do apoio dele...
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Cavaco, para ganhar, só precisa de falar pouco e dar o mínimo de troco possível.
Como é pessoa de poucas palavras (até porque não tem dotes oratórios, como se sabe), esse silêncio joga a seu favor.
Quem falar de mais, atacando-o, arrisca-se a coloca-se na posição de "olhar de baixo para cima", o que é o pior que pode suceder.
Já Moisés dividiu o mar Vermelho.
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