A médica da minha mãe
Por Alice Vieira
REBENTAM bombas quase todos os dias.
Acho mesmo que o som já se tornou tão banal como a voz do homem do pitrolino, do aguadeiro, ou da preta a vender mexilhão.
Há dias ouvi um tiro e disse:
- É o canhão do Arsenal.
O canhão do Arsenal dispara sempre um tiro, a que se segue um apito prolongado - e toda a gente sabe que é meio dia.
Mas desta vez o meio-dia vinha longe e, em vez do apito prolongado, veio uma série de cinco ou seis tiros, uma grande balbúrdia, gente a gritar e a correr pela rua abaixo, e a voz da Rosa:
- Coitadinhos, lá vão mais uns para o Limoeiro.
O Limoeiro deve ser a pior cadeia do país. (...)
Texto integral [aqui]
REBENTAM bombas quase todos os dias.
Acho mesmo que o som já se tornou tão banal como a voz do homem do pitrolino, do aguadeiro, ou da preta a vender mexilhão.
Há dias ouvi um tiro e disse:
- É o canhão do Arsenal.
O canhão do Arsenal dispara sempre um tiro, a que se segue um apito prolongado - e toda a gente sabe que é meio dia.
Mas desta vez o meio-dia vinha longe e, em vez do apito prolongado, veio uma série de cinco ou seis tiros, uma grande balbúrdia, gente a gritar e a correr pela rua abaixo, e a voz da Rosa:
- Coitadinhos, lá vão mais uns para o Limoeiro.
O Limoeiro deve ser a pior cadeia do país. (...)
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