18.6.10

A frescura de Ana Benavente

Por Joaquim Letria

É CURIOSA a atitude de alguns socialistas. É curiosa e digna de respeito. Ainda ontem, um dos fundadores do PS na Alemanha, me dizia com lástima que o partido de hoje já nada tem a ver com o antigo, e que as pessoas que o formam e dirigem não se comparam com os antigos.
Eu, quando deparo com estas lamúrias, concordo e aceito as desculpas. Não é o caso da antiga secretária de Estado Ana Benavente que até correu o risco de agora evocar Xico Buarque para titular um belo artigo seu com “Foi bonita a festa, pá”! É verdade, Ana, foi bonita enquanto durou, e durou muito pouco porque o desmancho não vem de agora.
Diz Ana Benavente que “quando se fecha uma escola, se fecha uma aldeia (…) isolam-se e dissolvem-se as crianças no anonimato de pequenas cidades onde passam o dia sem vizinhos nem amigos, nem família, de manhã à noite. É isso que está a acontecer: os mais novos e os mais velhos a viver em instituições, os da idade activa em liberdade vigiada. Não quero uma sociedade assim. Criminoso fechar todas as escolas com menos de 21 alunos. Vamos deixar que isso aconteça?”
Parabéns, Ana, por manter essa frescura e essa combatividade. Mas onde é que se pode ir agora para lutar contra mais desastres destes? Com quem se conta?!
«24 horas» de 18 Jun 10

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4 Comments:

Blogger Jorge Manuel Brasil Mesquita said...

Com ninguém, como é evidente! Cá por mim tenho uma bela sugestão. Fecha-se todo o interior do país e espalham-se placas por lá com este simples anúncio: "For Sale". O país ganhava uns tostões como é seu hábito e, provavelmente, teríamos todo um interior renovado a breve trecho. O país ficaria reduzido a uma faixa litoral de norte a sul, incluindo o Algarve e teríamos um PIB másculo e barbeado com Gibbs (passe a publicidade). O perfume dos temperos seria deixado ao acaso, como é seu costume, para continuar a saga do Portugal dos pequeninos (sem ofensa aos ditos).
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Lisboa, 18/06/2010
etpluribusepitaphius.blogspot.com

18 de junho de 2010 às 13:36  
Blogger GMaciel said...

Caro Joaquim Letria, está nas nossas mãos não deixar que estas e outras desgraças se cumpram. Porque havemos de perguntar quem nos acode? Porque havemos de nos anular neste sebastianismo angustiante e castrador?

Deitemos as mãos à obra, saiamos para a rua, gritemos basta: basta de incompetência, de clientelismo, de obediência às eminências pardas, de desperdício de dinheiro e capital humano, de desprezo pelo português, de desprezo pela nossa História...

Basta, simplesmente basta!

Estamos desanimados, faltam-nos as forças? Reconquistemo-las em nome de quem herdará os efeitos da nossa apatia. Em nome do futuro, caro Letria, pelo menos isso.

18 de junho de 2010 às 14:10  
Blogger Bartolomeu said...

Xacáver so Joaquim Letria, salembra disto:
http://www.youtube.com/watch?v=0_GYC7JHlK8

18 de junho de 2010 às 14:12  
Blogger Bartolomeu said...

Oh jorge manuel brasil mesquita, e... não correríamos o risco de o país se fracturar e desatar a vaguear pelo Atlântico fora, tal e qual a "Jangada de Pedra" do já saudoso Saramago?

18 de junho de 2010 às 14:14  

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