17.6.10

A burqa, o niqab e a laicidade

Por C. Barroco Esperança

É SURPREENDENTE que cidade a cidade, país a país, a tolerante Europa comece a proibir os símbolos identitários que atingem sobretudo as comunidades muçulmanas. Várias vezes discuti o assunto, quando ainda não tinha o actual grau de premência, com o meu velho amigo e condiscípulo no liceu, Vital Moreira.

Os seus argumentos contra a proibição tinham o brilho da inteligência e da convicção e nunca me persuadiu, apesar de ambos defendermos a laicidade como uma exigência da democracia. (...)

Texto integral [aqui]

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7 Comments:

Blogger Sepúlveda said...

Posso estar muito enganado mas o Corão não existe, assim como não existe "Garve" nem "Jezur". Em português, o "Al" faz parte da palavra, mesmo que o mesmo não suceda noutras línguas.

Em que estudo é que se baseia para dizer que há milhares de mulheres que são obrigadas a usar burqa ou niqab. Parece-me que é um palpite esclarecido e que há razões que nos podem levar a presumir isso.
Porém, não é preciso pensar em laicidade para defender a proibição desses adereços. Nós prezamos a segurança e, como tal, não podemos permitir que se tenha a cara completamente tapada em público. Mais parecerá que estamos rodeados de assaltantes que não querem ser reconhecidos.
Já o que se faz em privado... temos apenas de ter a certeza de que os cidadãos estão certos de estar protegidos na lei e nas polícias e que a eles recorrerão em caso de qualquer ilegalidade, sem que as suas queixas caiam em saco roto (coisa que não sinto que se passe em Portugal).

17 de junho de 2010 às 09:35  
Blogger Catarina said...

Talvez esta seja a razão da existência da burka:
Resumo daquilo que reli há tempos:
“Maomé casou com Khadija, uma mulher de negócios, independente, mais velha 10 anos. Quando Maomé ouviu a voz do anjo Gabriel pela primeira vez pensou que estava a ficar louco. Foi a sua esposa que o convenceu que ele estava são de espírito e foi a primeira pessoa a converter-se à nova religião – Islão – que significa “a submissão”. Khadija foi a única esposa de Maomé durante 24 anos e faleceu nove anos depois da primeira visão. Foi só a partir de então que Maomé começou a ouvir as revelações de Deus sobre o estatuto das mulheres. Khadija foi, pois, a primeira mulher muçulmana que nunca foi obrigada a usar o véu, a viver em reclusão e que nunca ouviu a palavra de Deus proclamar que os homens são responsáveis pelas mulheres... porque gastam dos seus bens para as sustentar. Talvez esta revelação tivesse soado estranha aos ouvidos de Khadija pois era ela que era rica e que, portanto, pagava as contas e o sustentava.
Seis anos após a morte de Khadija, Maomé teve outra revelação: podia ter 4 esposas. Mais tarde e devido a certas alianças que teve que fazer, teve outra revelação segundo a qual não havia limite de esposas. Acabou por ter 8 ou 9. Em breve, sentiriam inveja umas das outras; provocariam intrigas e escândalos. Algumas esposas de um estatuto inferior começaram a conspirar contra as favoritas do profeta. Qualquer atitude destas esposas dava azo a bisbilhotices: ou porque ,um dia, uma das esposas tocou, sem querer, na mão de um convidado, durante um jantar, ou porque o primeiro marido de outra tinha sido o filho adoptivo de Maomé e por aí além...
Após estes incidentes, Deus enviou uma mensagem ao profeta dizendo-lhe que deveria isolar as suas esposas. Algumas destas mulheres tinham sido enfermeiras nos campos de batalha, outras tinham pregado a nova fé e agora viam-se isoladas, nos seus quartos, podendo sair apenas cobertas da cabeça aos pés.
As normas que inicialmente tinham sido criadas para salvaguardar a honra/prestígio das esposas do profeta, acabou por abranger as mulheres de outros muçulmanos.”


Por uma questão de segurança (e perante o que aconteceu em 11 de Set) o uso das burkas não deveria ser permitido em lugares públicos. E não me venham dizer que iria contra os direitos de humanos.

17 de junho de 2010 às 12:33  
Blogger Teresa Diniz said...

O uso das burkas deve ser proibido, não só em nome da segurança, como em nome dos direitos humanos que a Europa vai defendendo desde o Iluminismo.
Muito interessante, o texto da Catarina sobre as revelações de Maomé. Foram tão... oportunas, não?

17 de junho de 2010 às 14:40  
Blogger Catarina said...

: (((((

"As normas .... ACABARAM por..."

e

"direitos humanos" em vez de "direitos de humanos",

O que o Carlos vai pensar de mim...

17 de junho de 2010 às 15:13  
Blogger Sepúlveda said...

Nós somos também pela liberdade. Se for permitido estar tapado, se calhar há mulheres que querem andar tapadas. Então deviam poder andar tapadas.
Mas sabemos que há quem "queira" contra vontade própria. Temos que esperar que essas pessoas deixem de fingir que querem, abrindo-lhes o pensamento e dando garantias de segurança. Ou, também por segurança, impedir que se ande tapado, seja por religião ou por moda.

17 de junho de 2010 às 16:03  
Blogger Carlos Esperança said...

1 – Agradeço a todos os leitores a amabilidade de comentarem o post;

2 – O ALCORÃO Também pode ser chamado «O Corão», um vez que o termo árabe "AL"equivale ao artigo "O". Corão, que significa "Recitação", é o Livro Sagrado do Islamismo, totalmente ditado pelo profeta Maomé (Mohammad) e redigido na linguagem Árabe por seus seguidores no século VII d.C, em várias cidades da Arábia.

A Wikipédia e a Desciclopédia, bem como numerosos escritores usam «O Corão» embora a forma mais correcta devesse ser «Alcorão», como registam numerosos dicionários;

3 – Não há qualquer surata ou versículo do Corão, nem qualquer hadith que obrigue ao uso da burqa apesar do carácter misógino de «o livro», mas foi imposta em nome da decência feminina pelos talibãs no Afeganistão e continua obrigatória pelo menos em várias regiões do Paquistão;

4 – Reitero a minha convicção de que, para além da inaceitável discriminação da mulher, é um instrumento da provocação islâmica contra a laicidade dos Estados europeus;

5 – Em nome do multiculturalismo não se pode ter para quem quer impor o Corão à força uma atitude diferente da que as democracias usam para impedir doutrinas totalitárias. Vale para o Corão e, igualmente, para a Tora e a Bíblia.

6 – É bom que cada um de nós pense sobre o que terá levado os mais tolerantes países europeus a restringir o uso da burqa e do niqab.

Fico feliz por despertar uma discussão que se agudizará com o tempo e com as rápidas alterações demográficas que se verificam na Europa.

17 de junho de 2010 às 18:19  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Uma "achega":

Durante muito tempo, também pensei que o correcto era dizer «O Corão».

No entanto, parece que (ao contrário do que seria de pensar dado que «Al» já significa «O») é perfeitamente correcto dizer-se «O Alcorão».

1 - Estive atento a isso quando o imã da comunidade islâmica portuguesa (julgo que é assim que se chama) foi ao programa Plano Inclinado do passado dia 5: ele disse sempre «O Alcorão»

--

2 - Tenho aqui comigo um livro da autoria de Michael Cook, cujo título é «The Koran» e aparece em português como «O Alcorão» - Temas e Debates, tradução de João Manuel Pinheiro e revisão de António José Massano.

17 de junho de 2010 às 19:23  

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