Impostos
Por Joaquim Letria
AQUELE DIRECTOR de Impostos que deixou saudades e foi corrido por ganhar muito disse, por estes dias, uma grande verdade: antes de aumentarem os impostos a quem os paga, seria melhor cobrarem dos que não os pagam. Todos sabemos que assim é e que nunca se rompeu com o compadrio que permite que haja quem a leve direita, sem pagar um euro às Finanças.
O que há a fazer é trazer para bom destino tanta economia paralela, e submersa, que nos invade e nos arruína. Acostumados à fraude, com medo de uns e de outros, todos validamos esse jogo, desde quem nos muda uma fechadura, nos pinta o carro, nos conserta o telhado, ou nos vende fatos de treino mais baratos do que na loja.
Somos os primeiros a pagar sem pedir um justificativo onde figurem quem paga e quem recebe, já que quem pagou não ganha nada com isso. A verdade é que cá vamos andando, uns sem pagar impostos, outros impossibilitados de apresentar despesas. Se as Finanças premiassem quem paga, os que recebem já teriam de declarar.
Para haver justiça seria necessário um sistema honrado, da cabeça aos pés. Um sistema que premeie e castigue por igual. Sem lançarem anzóis só onde é fácil a pesca, sem tentarem apanhar aqueles peixes a cores que se riem dos pescadores e dos pobres dos outros peixes. Sem andarem, também nisto, a enganar-nos.
«24 horas» de 17 Jun 10AQUELE DIRECTOR de Impostos que deixou saudades e foi corrido por ganhar muito disse, por estes dias, uma grande verdade: antes de aumentarem os impostos a quem os paga, seria melhor cobrarem dos que não os pagam. Todos sabemos que assim é e que nunca se rompeu com o compadrio que permite que haja quem a leve direita, sem pagar um euro às Finanças.
O que há a fazer é trazer para bom destino tanta economia paralela, e submersa, que nos invade e nos arruína. Acostumados à fraude, com medo de uns e de outros, todos validamos esse jogo, desde quem nos muda uma fechadura, nos pinta o carro, nos conserta o telhado, ou nos vende fatos de treino mais baratos do que na loja.
Somos os primeiros a pagar sem pedir um justificativo onde figurem quem paga e quem recebe, já que quem pagou não ganha nada com isso. A verdade é que cá vamos andando, uns sem pagar impostos, outros impossibilitados de apresentar despesas. Se as Finanças premiassem quem paga, os que recebem já teriam de declarar.
Para haver justiça seria necessário um sistema honrado, da cabeça aos pés. Um sistema que premeie e castigue por igual. Sem lançarem anzóis só onde é fácil a pesca, sem tentarem apanhar aqueles peixes a cores que se riem dos pescadores e dos pobres dos outros peixes. Sem andarem, também nisto, a enganar-nos.
Etiquetas: JL
4 Comments:
Muito bem retratado, como costume, Joaquim Letria.
Mas o mal já vem de longe.
Lembro-me de uma história contada pelo meu avô, sobre um polícia que, antes de ser dispensado ou despromovido, foi interrogado por um superior sobre o motivo de nunca ter autoado nem prendido ninguém, tendo simplesmente respondido:
- Ora, eu dos pobres tinha pena e dos ricos tinha medo.
Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.
Podemos pôr essa gente toda a pagar impostos, agravar os impostos daqueles que já pagam, flexibilizar a Lei laboral, cortar nas despesas e por aí fora, mas já não me convencem que isso nos consiga salvar.
Parece-me mais uma morte colectiva por asfixia, ao estilo desses famosos psicopatas que embora sós, conseguem persuadir uma multidão ao suicídio.
Isto ainda se vai transformar num dos maiores crimes em massa da nossa História.
Boa! Quando se fala de peixes vem-me logo à boca a quantidade de água que por aí anda e que ainda ninguém se lembrou de «impostar». Riquíssimo era o que nós ficávamos, mas mais ricos ainda ficamos se lermos alguns do sermõeszinhos do nosso Padre António Vieira. Está lá tudo: peixinhos e peixões. É só escolher!
Esteja certo de uma coisa, meu caro, quem mais gosta de pagar os impostos são, como é evidente, aqueles que não os pagam.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Escrito na Biblioteca Nacional, em 17/06/2010 às 14H43
etpluribusepitaphius.blogspot.com
Sim, cobrar o que passa por baixo do pano seria importante, mas mais importante do que isso será gerir com competência o que é cobrado. A meu ver, aqui é que está o busílis da questão.
Continuar a atirar impostos para um saco sem fundo? Nem com a taxação do ar, sexo, gargalhadas, ridículo, imbecilidade e por aí adiante se levarão as contas a bom porto.
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