21.6.10

Palhaço ou toureiro

Por João Duque

UM DIA DESTES, perguntaram a um miúdo da família: "O que é que queres ser quando fores grande?" Sabem qual foi a resposta? "Quero ser reformado!" Bonito! Um puto de nove anos diz-me que o que mais almeja da vida é ser reformado!
Estava eu esta semana a contar a mesma história a uns amigos e, antes de dar a resposta, ouço-a pronta da boca de um dos compinchas: "O puto quer ser reformado!" Espantado, perguntei-lhe como é que adivinhara. "É pá, um miúdo meu amigo deu-me a mesma resposta há umas semanas!"
Lindo! O caruncho ataca fundo e espalha-se depressa... (...)
Texto integral [aqui]

NOTA (CMR): este assunto vai ser o pretexto para um debate (com prémio para o melhor comentário) a anunciar em breve.

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3 Comments:

Blogger GMaciel said...

A irresponsabilidade, o facilitismo e os maus exemplos geram sempre frutos.

Demos rédea solta aos três, estavamos à espera do quê???

21 de junho de 2010 às 21:02  
Blogger António Viriato said...

Melhor ainda é ser-se gestor socialista de empresa capitalista, vituperar o dito regime, saboreando-lhe, contudo, os suculentos proventos, dar loas à República e à sua imaginada ética, ao mesmo tempo que se pratica regalada vida de nababo, só possível pelo mais despudorado sistema de desigualdades sociais jamais inventado pelos hominídeos económicos de conhecida inspiração socialista, laica e republicana, na forma lapidar de um dos seus mais destacados próceres...

E siga a dança !

22 de junho de 2010 às 01:51  
Blogger paula marques barata said...

O desejo de "ser reformado" escuto-o, em todas as gerações, há vários anos. Um familiar próximo meu diz, ainda hoje "fui para a polícia para poder reformar-me". Entrou na PSP com 27 anos, saíu com 55. Tem, neste momento, mais anos de reformado do que de exercício de profissão. Tendo a 4ª classe, nunca passou dos primeiros dois graus da hierarquia. Mesmo assim, a sua reforma é superior ao salário de muitos licenciados, com dez anos de carreira e 15 anos de carreira. Essa é a situação da minha família: na casa dos 30-40, 3 filhos, a morar numa cidade, formações para lá da licenciatura, situação precária no emprego, dificuldades em conjugar as necessidades dos filhos e as exigências profissionais de trabalhos sem horários...e, ao lado, a geração acima da nossa, vulgo "avós" e "tios" (muitos mais do que as crianças, pois estes tiveram o juízo de não arranjar sarilhos e despesas com descendentes!) passeiam, fazem ginástica, cruzeiros, compram colchões ortopédicos, maçam-nos com o controlo do colesterol, diabetes, terapias hormonais que prolongam a juventude, dores nas pernas e queda de cabelo...e confiadamente acreditam que o Estado que tão bem os aconchegou, está a aconchegar os netos, com infantários, ATLs, programas de saúde generalizados fantasias de propaganda para as quais um orçamento médio tem dificuldade em satisfazer para 3 crianças, pondo-se, por isso de parte de qualquer exercício de solidariedade familiar que vá além do gelado no fim de semana.
Isto dá origem a cenas cómicas, do tipo a desmazelada mamã (eu) ter de explicar à enxuta sogra porque é que não põe umas nails, como ela, para parecer melhor...
Por todo o país, desmantelam-se escolas para darem lugar a centros de apoio à 3ª idade (a distribuição demográfica o impõe), mas também porque, apesar de tudo, é uma determinada classe de reformados que, neste momento, detém o poder para adquirir esses serviços.´
Multiplicado este cenário por muitas famílias, temos uma fractura geracional que só não é exposta porque somos um país de brandos costumes, e apesar de tudo, os mais velhos, pela educação que nos deram, ensinaram-nos a respeitá-los. Pudera isto ser recíproco...

23 de junho de 2010 às 09:47  

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