23.8.10

A pérola e os porcos

Várzea, vila e serra de Sintra
6 Ago 10
10 Ago 10
22 Ago 10
ESTAS fotografias foram tiradas, em 3 dias diferentes, no mesmo local - a dois passos da área de paisagem protegida Sintra-Cascais. Outras podem ver-se [aqui], e testemunham a pertinência da expressão dar pérolas a porcos.

29 Comments:

Blogger Catarina said...

Um colchão?! Alguém está a demonstrar a sua hospitalidade deixando um colchão no local caso algum estrangeiro não tenho acesso a alojamento. Quero dizer: esse “alguém” não faz parte da população “per se”, mas talvez seja um dos funcionários camarários por ordem do seu superior hierárquico.

23 de agosto de 2010 às 18:57  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

A rua que aqui se vê é a chamada Rua dos Moinhos, no Alto da Granja.
Ali a poucos metros (na Estrada de Magoito) mora o meu colega Batista Alves, eterno candidato da CDU à C.M.Sintra, e que sempre conheci à frente dos SMAS de Sintra.

Imagino que ele, no seu vai-vem para o emprego, nunca passe aqui, pois a situação é esta há anos e anos, todos os dias...

23 de agosto de 2010 às 19:03  
Blogger Bartolomeu said...

Catarina e Carlos, o colchão é uma gentileza do Sr. Seara, destinada ao fotógrafo. Daqui não se consegue ver, mas, tem lá um cartãozinho que diz: para que o fotógrafo espere deitado, com os cumprimentos do Seara e, se desejar mais alguma coizinha, é só dezere... uma nóz da Periquita? uma broínha do Preto?

24 de agosto de 2010 às 09:39  
Blogger Catarina said...

: )))

24 de agosto de 2010 às 15:36  
Blogger Catarina said...

Carlos, não será este o momento oportuno para sugerir que o seu colega passe por lá de vez em quando?

24 de agosto de 2010 às 15:38  
Blogger GMaciel said...

Voto na pérola, CMR.

:)

PS: e andei eu a fazer publicidade ao "borough of Sintra"!!!!

:(

24 de agosto de 2010 às 21:04  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Não digam a ninguém (até porque a colecção ainda não está completa)... mas vejam [aqui] se não é bonito...

NOTA: é na mesma rua do lixo, mas um pouco mais acima.

24 de agosto de 2010 às 21:09  
Blogger GMaciel said...

É lindo, CMR. (não era para dizer?ó caraças, lá meti os pés)

A sério agora, é lindo. Sempre tive um fascínio por moinhos, não sei porquê. É propriedade privada?

Sou mesmo cusca.
:)

24 de agosto de 2010 às 21:32  
Blogger Catarina said...

E eu cusca sou! Qual é a diária?! Muito rústico. Parece um área muito aprazível.

24 de agosto de 2010 às 21:46  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Comprei-o há 29 anos, e aluga-se por curtos períodos.

24 de agosto de 2010 às 22:24  
Blogger Catarina said...

Deve ser muito gostoso passar aí alguns dias. Um refúgio do bulício dos grandes centros urbanos. A paisagem será magnífica e o silêncio da noite talvez se possa ouvir, ou não?

24 de agosto de 2010 às 22:34  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Quando quiser experimentar, diga-me. Pode ser que esteja vago.

Mas, nessa altura, escreva-me para o meu e-mail, pf.

24 de agosto de 2010 às 22:56  
Blogger Bartolomeu said...

O Carlos Medina Ribeiro está de parabéns, soube aproveitar com muito gosto um espaço rústico, construíndo o seu "Reino do Butão" e ainda por cima, disponibiliza-o.
Isto, um bocado mal acomparado, é como ter uma namorada pôdre de boa e empresta-la aos amigos.
(pronto, já cá faltava a parvoice Bartolomeunesca)
Olhe meu amigo, se ainda morasse na cidade, quem lh'alugava o moínho, era eu... se mo quisesse ceder, evidentemente.
Já me estou a imaginar a moer o grão naquelas grandes mós e depois a cozer o pãozinho naquele forno e a telefonar para este pessoal maravilhoso do "Sorumbático" a convidá-los: binde cá meuzamigos binde probar o casqueiro do Bartolomeu!!!
(ist'hoje tá a começar bem, tá, tá)
;))

25 de agosto de 2010 às 08:23  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Além deste moinho, o moleiro tinha um outro, a água (nas Azenhas do Mar), para quando não havia vento.

Quando morreu (há uns 50 ou 60 anos), aquilo foi comprado por alguém que fez as adaptações principais.

Quando o comprei (por 1100 contos...) estava muito degradado e vandalizado, mas o essencial estava feito (incluindo cavidade para a futura lareira, o anexo, canalizações de água e até linha telefónica).

Gastei muito tempo e dinheiro em reparações, mas sempre coisas que se foram fazendo a pouco e pouco: hoje um alpendre, amanhã uma mesa, mais tarde um telhado novo...

25 de agosto de 2010 às 09:49  
Blogger GMaciel said...

Os meus parabéns, CMR, pelo bom gosto - os moinhos fazem parte do imaginário de qualquer adolescente que tenha lido D. Quixote de La Mancha :) - e porque, comprando-os, mantêm-se esses belos "gigantes" que se recortam numa paisagem tão devastada por nós, humanos.

Aqui, por Almada, havia alguns, mas o desleixo deixou apenas partes do seu corpo de pedra estoicamente de pé. Uma lástima, digo eu.

25 de agosto de 2010 às 14:59  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Obrigado!

O ficheiro vai sendo actualizado. Meti legendas na maioria das imagens, e juntei algumas fotos, tiradas da revista 'Casas de Portugal', que em 2003 foi lá fazer uma reportagem.

25 de agosto de 2010 às 15:02  
Blogger Bartolomeu said...

Quereis que vos descreva, aqui, como funciona, na forma original, um moinho de vento?
Se quiserdes, é só dezere...

25 de agosto de 2010 às 15:27  
Blogger Catarina said...

Eu quero... : )

25 de agosto de 2010 às 15:32  
Blogger Bartolomeu said...

Com todo o gosto Catarina!
(táva a ver que ninguem ía querer...)
;)))
A "coisa" funciona com base no aproveitamento da energia eolica, o que, como todos imaginarão, obriga a que o "chapéu" ou, telhado do "zingarelho" não seja fixo, dado que a direcção dos ventos também se altera, apesar de, relativamente às épocas do ano, se verificar uma certa predominância.
Assim, verificamos com algum assombro a grossura das paredes do moínho e o facto de a estructura se apresentar sempre numa planta circular e cónica.
Agora vamos à forma de transmissão:
Como se pode verificar pelas fotografias, existe um eixo central, junto ao telhado... bom, antes disso, convem referir que todas as peças que compõem o "mecanismo" são fabricadas em madeira e não só, numa única espécie de madeira, mas sim em várias de acordo com o maior ou menor desgaste a que a peça iría estar sujeita. Continuando no eixo, podemos verificar também, que o mesmo se encontra apoiado num ângulo que facilitava a captura do vento nas velas exteriormente presas a varais que encaixavam no prolongamento do veio interior, mas que era constituído por outro mastro, fortemente preso ao eixo interior.
Então, perguntará a minha estimada Catarina: Óh Bartolomeu, então e quando o vento mudava, comé co moleiro fazia?
Ora aí está um celente prégunta minha interessada amiga!
O moleiro tinha de possuír entre outros, conhecimentos de meteorologia, que lhe permitiam prever quer a direcção, quer a intensidade de vento que iría fazer. Um dos sinais mais comuns, eram as núvens, as quais, segundo a direcção o formato, a altura e a velocidade, assim davam indicações precisas ao moleiro-nauta. Não obstante, algumas vezes, se acontecia um repentino golpe de vento, ou uma mudança brusca de direcção, o pobre homem, ter de ir apanhar o "chapéu" do "zingarelho" a "cascos-de-rolha".

25 de agosto de 2010 às 16:19  
Blogger Bartolomeu said...

Ora bem, se a minha amiga olhar com atenção as fotos do 2º andar do moínho, que o nosso amigo Carlos publicou, vai notar que o remate do topo da parede é em pedra maciça e que na mesma, a espaços, se encontram "chumbadas" argolas de ferro, identicas àquelas que se podem ver nas paredes exteriores e que tinham duas utilidades, prender os muares e prender os brandais das velas.
Contudo, as argolas do interior possuíam outra utilidade, já la vamos...
Essa pedra de remate a que me referi, na sua face superior era escavada, por forma a que nela corressem como se fosse carril de comboio, mas ao inverso, umas rodinhas que suportávam o "chapéu" do moinho.
Então o que é que sucedia?
Bom... por aquelas janelinhas que também se podem ver nas fotos e que eu suspeito, o nosso amigo Carlos mandou ampliar, o moleiro prescutava o céu, e as núvens e depois de calcular a direcção do vento com a máxima precisão possível, destravava o maquinismo que transmitia o movimento do eixo aos ccadernais que accionavam um outro eixo que por sua vez accionavam outros aos quais estavam ligados os eixos das mós (não sei porquê, fiquei com a sensação que meti eixos a mais... mas pronto... depois vou registar a patente) atava uma corda à argola que ele sabia, enrrolava-a ao primeiro eixo que referi e puxava a outra ponta com as mãos. Este movimento fazia com que o "chapéu" rodasse dentro da tal calha na pedra, posicionando como o moleiro pretendia.
Depois, no interior, sempre que havia grão para isso, o moleiro podia moer diferentes espécies em simultâneo, utilizando para isso, diferentes tipos de mós.
Havia ainda a operação de picar as mós, que era um cabo-dos-trabalhos.
Uma mó daquelas é pesadíssima e o moleiro não podia correr o risco de a deixar tombar, sob risco de que se partisse. Então, sempre que era preciso picar a mó, por forma a avivar-lhe o grão da pedra, o moleiro desprendia o eixo central que fazia rodar a mó, introduzia no buraco central (adoro esta imágem) uma trave de madeira que fazia de alavanca e colocava a pedra na vertical, depois, usando novamente a corda e o eixo central, atava a pedra e descia-a até ao piso térreo, pelo interior do moínho, aí colocada, com muito jeitnho, era rodada até ao interior e novamente com a ajuda da tal trave introduzida dentro do buraco central (HMMMM) era tombada lentamente sobre um leito de dois troncos, aí com uma paciência do escafândro e a ferramenta apropriada, o moleiro picava muito certinho a pedra a toda a volta.
Fiuuuuu, já estou cansado!!!
;)))

25 de agosto de 2010 às 16:20  
Blogger Catarina said...

Muito interessante, Bartolomeu. Aprendi umas coisas! Obrigada. O Carlos, certamente, também se vai deleitar com esta leitura embora perceba muito mais desta engrenagem que eu.

25 de agosto de 2010 às 16:37  
Blogger Bartolomeu said...

Eu é que te fico agradecido, Catarina, pela disponibilidade de ler este relambório todo...

25 de agosto de 2010 às 16:41  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Em breve conto poder afixar fotos antigas, tiradas num moinho exactamente igual, e que mostra o moleiro a movimentar a mó, a orientar as velas, etc - tudo sozinho!

Entretanto, algumas achegas ao que Bartolomeu escreveu:

O moinho tinha, no cimo, um catavento com uma particularidade:
O seu eixo vertical atravessava o tecto, e havia, por dentro, uma barra horizontal que era a "imagem" da posição exterior.
Era assim que o moleiro sabia, a todo o momento, a direcção do vento (que, por sinal, ali não varia muito).

Além dessa informação "em tempo real", havia uma outra, mais romântica: presas às cordas, havia umas cabacinhas que assobiavam com o andamento das velas... A um ouvido experiente, o som que elas emitiam indicava se elas estavam a andar bem ou mal.

Outra curiosidade:
Os moinhos existentes junto à costa aproveitavam a sabedoria ancestral dos homens do mar, pois muitas vezes os moleiros eram também pescadores (ou pertenciam às mesmas comunidades). Toda a tecnologia das velas, dos ventos, dos mastros e dos nós é comum.

--

Curiosidade final:

Foi com muito gozo que, depois de ter comprado este moinho, vim a trabalhar em centrais eólicas, pela EFACEC (nomeadamente na de Vila do Bispo, com 20 aerogeradores). É que, no essencial, o funcionamento é exactamente o mesmo... A 'grande' diferença é que, nos moinhos, o n.º de velas é par, e nos aerogeradores é ímpar (em geral, 3)

25 de agosto de 2010 às 18:51  
Blogger Catarina said...

Excelente post que deu origem a descrições e a informações tão curiosas e interessantes.
Aqui fico a aguardar as outras fotos.

25 de agosto de 2010 às 19:04  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

As varas actuais (já é o 2.º jogo que ponho) têm uns 10cm de diâmetro.

O moleiro que lá as foi montar usava, no moinho dele (em Torres Vedras), postes telefónicos! Quando aqueles 8 monstros começavam a rodar, metiam medo.

25 de agosto de 2010 às 19:16  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Em tempos que já lá vão, foi escrito um pequeno livro infanto-juvenil 'passado' aqui («O Incrível Professor Capachinho», com ilustrações de José Abrantes).

Tem estado disponível na Internet, em PDF, mas vejo agora que o 'site' está em manutenção.

Poderei enviá-lo por 'mail' a quem me indicar o endereço para
medina.ribeiro@gmail.com

25 de agosto de 2010 às 19:31  
Blogger Bartolomeu said...

Onde moro, existem 4 moínhos, dois deles, com uma casa adicionada, são alugados ocasionalmente, um não tem qualquer utilização e o outro, por "carolice" do dono, o filho do moleiro, ainda trabalha. Até ha bem pouco tempo, moía o trigo e o senteio que os meus vizinhos da aldeia, cultivavam.

25 de agosto de 2010 às 19:44  
Blogger Bartolomeu said...

«senteio» Bartolomeu?
só se fôr aí no sítio onde moras, porque no resto país, escreve-se com dois "s", ou seja... ssenteio!
Fico furibundo quando apanho analfabetos pela frente... irra!

25 de agosto de 2010 às 19:48  
Blogger Táxi Pluvioso said...

O povo só tem que meter mãos à obra em vez de fotografar (sei! é menos pesado).

26 de agosto de 2010 às 05:32  

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