Tempo e paciência
Por Carlos Fiolhais
AS NOTÍCIAS de meados de Agosto davam conta de que a economia alemã tinha crescido 2,2 por cento do primeiro para o segundo trimestre deste ano, um número recorde desde a reunificação, enquanto a economia portuguesa tinha crescido no mesmo período uns míseros 0,2 por cento. É caso para dizer que a locomotiva da Europa bem puxa, mas as carruagens da cauda teimam em não andar. Se se quer perceber porquê, não há nada como dar um salto à Alemanha.
(...)
Como é que um povo que não faz planos claros, não tem serviços públicos decentes e não respeita quaisquer horários pode aspirar ao mesmo produto interno bruto que os alemães? Como é que um país cujo primeiro-ministro se compraz em chegar atrasado a eventos oficiais pode apanhar o comboio da Europa? Não pode. Ainda que tenha muito tempo e paciência.
Texto integral [aqui]
AS NOTÍCIAS de meados de Agosto davam conta de que a economia alemã tinha crescido 2,2 por cento do primeiro para o segundo trimestre deste ano, um número recorde desde a reunificação, enquanto a economia portuguesa tinha crescido no mesmo período uns míseros 0,2 por cento. É caso para dizer que a locomotiva da Europa bem puxa, mas as carruagens da cauda teimam em não andar. Se se quer perceber porquê, não há nada como dar um salto à Alemanha.
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Como é que um povo que não faz planos claros, não tem serviços públicos decentes e não respeita quaisquer horários pode aspirar ao mesmo produto interno bruto que os alemães? Como é que um país cujo primeiro-ministro se compraz em chegar atrasado a eventos oficiais pode apanhar o comboio da Europa? Não pode. Ainda que tenha muito tempo e paciência.
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Etiquetas: autor convidado, CF
2 Comments:
O capítulo do "Controlo e Instrumentação" da Central Termoeléctica do Pego" foi entregue ao consórcio Hatrmann & Braun / Efacec, empresa na qual trabalhei durante quase 30 anos.
Fui destacado para esse projecto, e colaborei muitos anos com alemães: 7 ou 8 meses nas instalações deles (na Alemanha) e vários anos na própria central.
E uma das coisas que mais os espantava (e irritava) era o facto de os portugueses, de uma forma geral, "não darem valor ao tempo".
Isso traduzia-se em passarem o tempo a quer "inventar a roda": (fizeram e refizeram materiais que a H&B já tinha em armazém, mas que os portugueses da EDP achavam que 'não tinham qualidade'!), os operários não levavam para os locais de trabalho as ferramentas adequadas (ou 'perdiam-nas'), os preparadores de trabalho eram incapazes de "preparar trabalho" (que preferiam fazer por tentativas), as decisões tomadas de manhã eram alteradas à tarde, etc.
Para já não falar no aspecto de uma cultura de segurança, claro. P. ex., o encarregado era o primeiro a gabar-se de que nunca punha o cinto quando ia a guiar...
A cultura do desmazelo, do desenrascanço e do deixa-andar. Se calhar é por não correr na mesma equipa que me chamam maníaca.
:(
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