Os mortos de novembro
Por Alice Vieira
Texto integral [aqui]
OS MORTOS, claro!, os mortos de Novembro! os intermináveis mortos de Novembro — e ela de vermelho.
Podia ter escolhido outra cor, digamos, menos agressiva, menos “espampanante”, diria a mãe...
Adora a palavra “espampanante”, lembra-lhe champanhe a transbordar da flûte.
Meu Deus, os mortos de Novembro, e ela de vermelho e a pensar em champanhe.
Teresa a chamar por ela, a esperar por ela, a mandar-lhe SMS atrás de SMS, “tou cá em baixo”, “desces ou subo?”, “tás muito atrasada?”, e ela de telemóvel na mão sem saber o que responder, porque só tem olhos para o vestido vermelho, logo hoje, por que raio se esqueceu que era novembro, data marcada para pensar nos mortos, única altura em que a irmã se lembrava deles. (...)
Podia ter escolhido outra cor, digamos, menos agressiva, menos “espampanante”, diria a mãe...
Adora a palavra “espampanante”, lembra-lhe champanhe a transbordar da flûte.
Meu Deus, os mortos de Novembro, e ela de vermelho e a pensar em champanhe.
Teresa a chamar por ela, a esperar por ela, a mandar-lhe SMS atrás de SMS, “tou cá em baixo”, “desces ou subo?”, “tás muito atrasada?”, e ela de telemóvel na mão sem saber o que responder, porque só tem olhos para o vestido vermelho, logo hoje, por que raio se esqueceu que era novembro, data marcada para pensar nos mortos, única altura em que a irmã se lembrava deles. (...)
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