Camarate IX
Por João Paulo Guerra
CLARO QUE QUEM escreve o que eu escrevo e como escrevo estará de acordo com todas e mais algumas comissões de inquérito que tornem mais transparente a opaca vida política, económica e social portuguesa. Também estará de acordo que o caso de Camarate é uma história mal contada e que deveria ser esclarecida em definitivo, já que oportunamente não o foi.
Outra coisa é a sucessão de comissões de inquérito ao caso de Camarate, que surgem sempre e só em momentos políticos particularmente sensíveis. Por esse oportunismo político, pela sua proliferação, pelo saltitar de uma tese para a outra de muitos dos figurantes da cena pública, por tais comissões pretenderem abranger funções de investigação policial que não lhes cabem e, não menos, pelas conclusões contraditórias de cada uma delas, ao sabor de maiorias políticas, os oito inquéritos parlamentares a Camarate contribuíram precisamente para aquilo que alegadamente pretendiam esclarecer, aumentando a confusão sobre o caso.
Agora virá aí, por iniciativa do PSD e CDS, a comissão Camarate IX. Tenho sérias dúvidas que a feliz proposta do advogado Ricardo Sá Fernandes seja acolhida e a comissão centre a sua atenção "no tráfico de armas em Portugal nos anos 80 e no Fundo de Defesa Militar do Ultramar". E porquê? Porque uma comissão de inquérito com este âmbito bem concreto e definido poderia eventualmente chegar a conclusões. Penso que ninguém tem um pressentimento seguro sobre o quê e quem esteja no fim da meada de Camarate e contra quem se poderá apontar o resultado do inquérito. Mas a arma de arremesso de Camarate é isso mesmo, o mistério, a insinuação. E se a IX Comissão chegasse a conclusões, com que pretexto, num futuro político mais ou menos próximo, viria a ser constituída a X Comissão?
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«DE» de 10 Dez 10
CLARO QUE QUEM escreve o que eu escrevo e como escrevo estará de acordo com todas e mais algumas comissões de inquérito que tornem mais transparente a opaca vida política, económica e social portuguesa. Também estará de acordo que o caso de Camarate é uma história mal contada e que deveria ser esclarecida em definitivo, já que oportunamente não o foi.
Outra coisa é a sucessão de comissões de inquérito ao caso de Camarate, que surgem sempre e só em momentos políticos particularmente sensíveis. Por esse oportunismo político, pela sua proliferação, pelo saltitar de uma tese para a outra de muitos dos figurantes da cena pública, por tais comissões pretenderem abranger funções de investigação policial que não lhes cabem e, não menos, pelas conclusões contraditórias de cada uma delas, ao sabor de maiorias políticas, os oito inquéritos parlamentares a Camarate contribuíram precisamente para aquilo que alegadamente pretendiam esclarecer, aumentando a confusão sobre o caso.
Agora virá aí, por iniciativa do PSD e CDS, a comissão Camarate IX. Tenho sérias dúvidas que a feliz proposta do advogado Ricardo Sá Fernandes seja acolhida e a comissão centre a sua atenção "no tráfico de armas em Portugal nos anos 80 e no Fundo de Defesa Militar do Ultramar". E porquê? Porque uma comissão de inquérito com este âmbito bem concreto e definido poderia eventualmente chegar a conclusões. Penso que ninguém tem um pressentimento seguro sobre o quê e quem esteja no fim da meada de Camarate e contra quem se poderá apontar o resultado do inquérito. Mas a arma de arremesso de Camarate é isso mesmo, o mistério, a insinuação. E se a IX Comissão chegasse a conclusões, com que pretexto, num futuro político mais ou menos próximo, viria a ser constituída a X Comissão?
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«DE» de 10 Dez 10
Etiquetas: autor convidado, JPG
4 Comments:
Lembro-me como se fosse hoje:
Sendo Sá Carneiro o líder da direita, e estando eleições à porta, o boato que de imediato se espalhou só podia ser «Foi atentado, e foram os comunistas!».
Em consequência, e ainda sem se saber nada de nada, a esquerda desatou a defender a tese do acidente, e a extrema-direita a defender a que atrás se refere.
Essa loucura (em que a verdade parecia não interessar muito) prolongou-se por muitos aos, de tal forma que as sucessivas comissões de inquérito concluíam invariavelmente por uma tese ou pela oposta conforme as maiorias político-partidárias que as compunham!
E nós a pagarmos aos tipos que engendram "relatórios" sobre os factos.
D Valente
e porque não os socialistas? na
época enfrentavam muitas dificuldades,para as ambições que
tinham.
No "Verão quente", os assaltos às sedes dos partidos mais à esquerda (nomeadamente do PCP) tinham a conivência tácita do PS.
Lembro-me, como se fosse hoje, de quando Mário Soares se recusou a condenar essas acções, classificando-as como "vaga de fundo" (sic) do povo português.
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