Cavaco, Sócrates e os pobres
Por Ferreira Fernandes
NO SÁBADO, José Sócrates condenou quem explora "de forma descarada" a questão da pobreza para retirar dividendos políticos. No domingo, Cavaco Silva, como já estava programado, foi ao casamento de Filipa e Paulo, um ex-sem abrigo. E, na festa, o Presidente fez o rol das vezes em que ele falou da pobreza ao longo do mandato que agora acaba. Está bem de ver o pingue-pongue entre Sócrates e Cavaco, com os pobres a fazer de bola. Com uma diferença: Sócrates bolando mal e Cavaco, não. O próprio dos políticos é surfarem as boas causas, por estas (falo dos políticos que não são homens maus por natureza) mas, já que estão ali, também por eles. Isso é generalizado, como indicam as palavras no sentido do pêlo, as simpatias estudadas, os silêncios prudentes, de todos, incluindo Sócrates e Cavaco. Quem nunca dançou à frente das câmaras como Jerónimo de Sousa que atire a primeira demagogia. Daí que, entre políticos, seja quase sempre errado emprestar oportunismo ao abraçar de causas dos outros. Que se dê de barato que há sinceridade em todos (até porque os não-políticos já descontam o suficiente para não acreditar na sinceridade de nenhum). Se há que criticar seja, pois, a causa. Ora, a que Cavaco abraçou no domingo é impecável. E, aliás, o sr. Paulo, ex-sem-abrigo, com a sua gravata de seda e sorriso radioso, tinha brilho que apagava qualquer exibicionismo circundante.
«DN» de 21 Dez 10NO SÁBADO, José Sócrates condenou quem explora "de forma descarada" a questão da pobreza para retirar dividendos políticos. No domingo, Cavaco Silva, como já estava programado, foi ao casamento de Filipa e Paulo, um ex-sem abrigo. E, na festa, o Presidente fez o rol das vezes em que ele falou da pobreza ao longo do mandato que agora acaba. Está bem de ver o pingue-pongue entre Sócrates e Cavaco, com os pobres a fazer de bola. Com uma diferença: Sócrates bolando mal e Cavaco, não. O próprio dos políticos é surfarem as boas causas, por estas (falo dos políticos que não são homens maus por natureza) mas, já que estão ali, também por eles. Isso é generalizado, como indicam as palavras no sentido do pêlo, as simpatias estudadas, os silêncios prudentes, de todos, incluindo Sócrates e Cavaco. Quem nunca dançou à frente das câmaras como Jerónimo de Sousa que atire a primeira demagogia. Daí que, entre políticos, seja quase sempre errado emprestar oportunismo ao abraçar de causas dos outros. Que se dê de barato que há sinceridade em todos (até porque os não-políticos já descontam o suficiente para não acreditar na sinceridade de nenhum). Se há que criticar seja, pois, a causa. Ora, a que Cavaco abraçou no domingo é impecável. E, aliás, o sr. Paulo, ex-sem-abrigo, com a sua gravata de seda e sorriso radioso, tinha brilho que apagava qualquer exibicionismo circundante.
Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Ah! é um ex-sem-abrigo, pensava que era um sem-abrigo, já lhe invejava a sorte de ir, de vez em quando, dormir na casa do padrinho em Belém.
É interessante que Cavaco nunca foi castigado pelo dinheiro que torrou no Centro Cultural de Belém (é que não havia dinheiro para aquilo ou então não percebo por que este povo de agora não quer pagar estes desvarios do passado).
Bom Natal para todos
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