Promiscuidade
Por João Paulo Guerra
TENHO na minha sobrelotada estante, nas prateleiras ocupadas com obras sobre o Portugal que passou à história, um pequeno opúsculo da autoria do dr. Raul Rego, “Os políticos e o poder económico”, com data de 1969, no qual o velho republicano, socialista e ‘maçon’ recenseia e desanca a promiscuidade no trânsito entre as cadeiras do poder e os cadeirões dos conselhos de administração.
O impresso do dr. Rego diz respeito aos últimos anos do auto-denominado Estado Novo, também chamado fascismo. (...)
Texto integral [aqui]
TENHO na minha sobrelotada estante, nas prateleiras ocupadas com obras sobre o Portugal que passou à história, um pequeno opúsculo da autoria do dr. Raul Rego, “Os políticos e o poder económico”, com data de 1969, no qual o velho republicano, socialista e ‘maçon’ recenseia e desanca a promiscuidade no trânsito entre as cadeiras do poder e os cadeirões dos conselhos de administração.
O impresso do dr. Rego diz respeito aos últimos anos do auto-denominado Estado Novo, também chamado fascismo. (...)
Texto integral [aqui]
Etiquetas: autor convidado, JPG
4 Comments:
Dá vontade de deixar este texto e agora é descobrir as diferenças (se as houver):
Sobre Portugal
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
Abílio Guerra Junqueiro, 1896
«40 ministros e secretários de Estado saíram directamente da política para cargos em grandes empresas»
No DN a palavra utilizada era "saltaram" em vez de "saíram" (págª4).
Enviei SMS a fazer por corrigir a expressão:
onde se lê "saltaram",
deve ler-se "assaltaram".
A bem do Regime.
Viva a Revolução.
O país é pequeno, somos todos primos, só não come quem não tem arte, ou... não consegue chegar perto do poleiro.
O assustador é descobrir que a democracia não serve para nada - apesar de se poder publicar nos jornais, as pessoas toleram todas essas situações como normais!
Num país com um nível de cultura cívica normal, os dois principais candidatos à Presidência da Républica, teriam de abandonar a corrida por razões óbvias - em Portugal considera-se que acusar um político de irregularidades ou mesmo crimes, reforça a sua posição!
Se Salazar soubesse nunca teria perdido tempo com a censura!
Enviar um comentário
<< Home