Já é legal ameaçar de morte os 'gays'?
Por Ferreira Fernandes
O QUE SE PASSOU naquele hotel de Nova Iorque mais famoso em Portugal: horrível. O assassínio é suficiente para chegarmos a essa classificação. Certo que vou saber em breve mais sobre ele - as informações que a polícia de Nova de Iorque tem dado garantem-me essa confiança - vou esperar para satisfazer a minha curiosidade. Já receio mais o facto de nunca vir a saber dos autores dos crimes - menores mas crimes - que se seguiram ao assassínio do 34.º andar do Intercontinental de Nova Iorque. Crimes menores mas tão generalizados que são preocupantes: refiro-me, como é evidente, ao que se escreve, sobre o caso, nas caixas de comentários dos jornais portugueses. Dou de barato os evidentes distúrbios mentais dos que escreveram "lololol...", símbolo internético de gargalhadas, usado aqui para comentar a tragédia, ou dos que inventaram e tiveram o cuidado de fornecer ao digníssimo público piadolas sobre o nome do morto. Ter de ouvir esses pobres coitados (antigamente bastava não frequentarmos as tabernas) é a contrapartida a pagar pela Internet (cujo balanço continua globalmente positivo). Não, o que me preocupa são as ameaças de morte que são escritas e publicadas, proferidas por gente que se acha impune porque julga falar de pestíferos, os gays.
Pergunto: não há por aí um advogado que queira acabar com essa sensação de impunidade?
«DN» de 11 Jan 11
O QUE SE PASSOU naquele hotel de Nova Iorque mais famoso em Portugal: horrível. O assassínio é suficiente para chegarmos a essa classificação. Certo que vou saber em breve mais sobre ele - as informações que a polícia de Nova de Iorque tem dado garantem-me essa confiança - vou esperar para satisfazer a minha curiosidade. Já receio mais o facto de nunca vir a saber dos autores dos crimes - menores mas crimes - que se seguiram ao assassínio do 34.º andar do Intercontinental de Nova Iorque. Crimes menores mas tão generalizados que são preocupantes: refiro-me, como é evidente, ao que se escreve, sobre o caso, nas caixas de comentários dos jornais portugueses. Dou de barato os evidentes distúrbios mentais dos que escreveram "lololol...", símbolo internético de gargalhadas, usado aqui para comentar a tragédia, ou dos que inventaram e tiveram o cuidado de fornecer ao digníssimo público piadolas sobre o nome do morto. Ter de ouvir esses pobres coitados (antigamente bastava não frequentarmos as tabernas) é a contrapartida a pagar pela Internet (cujo balanço continua globalmente positivo). Não, o que me preocupa são as ameaças de morte que são escritas e publicadas, proferidas por gente que se acha impune porque julga falar de pestíferos, os gays.
Pergunto: não há por aí um advogado que queira acabar com essa sensação de impunidade?
«DN» de 11 Jan 11
Etiquetas: autor convidado, F.F
4 Comments:
Logo de manhã, esrevi ao Ferreira Fernandes a dizer o seguinte:
«Ao contrário do que sucede noutros blogues, no 'Sorumbático' quase não há comentários com bacoradas. E, no entanto, ele já conta mais de 26 mil, ao longo de 6 anos.
O motivo é simples: nele, não são permitidos comentários anónimos.
Embora seja possível comentar recorrendo a pseudónimo, há sempre um rasto que fica (para registar o 'nickname'), o que parece desencorajar aquilo que o Ferreira Fernandes hoje refere na sua crónica. (...)»
Hoje, no blogue «31 da Armada», apareceu a seguinte graçola, a propósito do crime em causa.
Diz tudo a propósito de quem a inventou, e outro tanto acerca de quem a divulga:
__________
Dizem que foi um problema de comunicação
- Renato, se abra!
...
- Carlos, castro?
___________
Há um par de horas, deixei lá o seguinte comentário (que cito de memória, pois ainda não apareceu afixado):
«Fazer humor com os nomes das pessoas - é pouco digno.
Fazê-lo a propósito de um assassinato - é inqualificável.
O que dizer, então, quando se juntam ambas as coisas?»
Foi um crime hediondo!
E no sistema penal dos EUA, ninguém brinca, nem há fugas de informação como cá.
Caro FF.
Justiça vai ser feita ao Carlos.
Como atrás digo, a crónica de F.F. é motivada, especialmente, pelas larachas vergonhosas que têm sido lançadas a propósito do caso, como se fosse aceitável fazer humor (mesmo "negro") sobre um caso como este.
-
Aliás, há algum tempo, num dos seus programas de rádio, Carlos Pinto Coelho entrevistou 3 humoristas e, a certa altura, perguntou-lhe se se podia "fazer humor acerca de tudo" (na altura discutia-se o caso dos 'cartoons' sobre Maomé).
Os mais jovens responderam que sim. Raul Solnado, no entanto, disse o óbvio:
Com certos assuntos, é preciso alguns cuidados.
É evidente que um desses casos é o que envolve o humor-negro:
Eu até posso conhecer uma anedota muito engraçada sobre o "S. Pedro a receber um morto às portas do Céu", mas não a vou contar num velório (pelo menos à viúva do falecido).
Nem vou contar "anedotas de malucos" a alguém que esteja preocupado com um familiar que sofra de problemas mentais.
Mas tudo isso depende da educação e da sensibilidade de cada um, evidentemente.
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