16.2.11

Corações ocos

Por Baptista-Bastos
Velhos, ó meus queridos velhos, saltem-me para os joelhos: vamos brincar?
ALEXANDRE O'NEILL
O NÚMERO perturbador de velhos portugueses que morreram sós, e estiveram anos sem ninguém disso dar conta, permitiu uma série de piedosas declarações. A "atomização da sociedade", de que falou, admiravelmente, Simone de Beauvoir, num ensaio esquecido mas não datado [La Vieillesse], facilitou o sistema em que sobrevivemos, e que "confina com a barbárie."
Os nossos velhos pagam, amarga e dolorosamente, as nevroses das suas infâncias e as consequências das suas vidas frustradas, esmagadas, irrealizadas e aceitas com a resignação de quem foi alienado para consentir o inevitável declínio. A velhice, tal como as sociedades modernas a tratam, é uma questão de anomalia política, uma mutilação. Podíamos, talvez, atenuar essa violência, essa desolação social, com um pouco de compaixão. (...)
Texto integral [aqui]

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

É obviamente precisa uma eutanásia mais activa. Por insuficiência da "eutanásia social e moral" em uso e com boa aceitação.
Os velhos são um estorvo, até para os olhos. E alguns cheiram mesmo a urina, por exemplo nos autocarros.
Os governos, pelo menos os mais solidários, alguns que se gabam superiormente de serem de esquerda, como o nosso, podiam mesmo legislar assumida e abertamente no sentido de os abater nos jardins, nos espaços públicos, nos hospitais e também em casa. Acrescem além disso as despesas com pensões (ainda que míseras) e remédios. Livremo-nos dos vellhos. E também dos (muito) doentes, dos inválidos e dos deficientes mentais. Assim aliviávamos a despesa e talvez acalmássemos os mercados (não é assim que se diz?). E ficávamos com uma sociedade mais "cool" (diz-se assim, não diz?...)

PS: Se isto doer tanto e tão intensamente aos que o lerem como me doeu a mim ao escrevê-lo, talvez ainda estejamos a tempo de fazer alguma coisa pelos nossos queridos velhos... Por exemplo, educando decentemente as nossas crianças e jovens...

16 de fevereiro de 2011 às 22:21  

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