Já está
Por João Paulo Guerra
DUROU muito pouco a indomável resistência, a inaudita bravura, a incontornável oposição do PS ao recurso ao FMI. Nos próximos anos, cada vez que um português se queixar da penúria, da fome, da política de cortes cegos nos direitos sociais, haverá sempre alguém a apontar o dedo e acusar: foi o PS quem lhes abriu a porta. O PS nem por si próprio teve consideração e cedeu às pressões do chefe de Estado e dos partidos que se andam a apropinquar aos cadeirões do poder com o mínimo de custos políticos.
Bastou uma palavra da banca para que o aço da resistência do PS tomasse a consistência da gelatina. As agências de ‘rating' pressionaram a República e o Governo, até que perceberam que em vez de rezar aos santos o mais directo e eficaz seria orar ao deus dinheiro: pressionaram os bancos, e a banca não precisou sequer de pressionar o Governo. Bastou falar e dizer o que quer: Plano europeu e FMI, já. Parece que estamos no PREC, já, mas ao contrário. Trinta e sete anos após o 25 de Abril, a banca é quem mais ordena, dentro de ti, ó cidade!
Ao mesmo tempo, o País assiste - uma parte do País certamente incrédula - ao espectáculo de conselheiros de Estado a acusarem-se uns aos outros de mentirosos, em torno da questão de ter sido ou não abordada na última reunião do Conselho a questão do pedido de intervenção externa na crise financeira portuguesa. O Conselho, órgão de consulta do chefe de Estado, tem carácter reservado e as respectivas actas têm um período de reserva de 30 anos. Mas eis que um conselheiro fura a reserva e a reunião se transfere para a praça pública em termos à altura de quem os usa.
Por estas e outras, e por estes e outros, cada vez mais se confirma mais a profecia de que "Portugal não é um país, é um sítio mal frequentado".
«DE» de 7 Abr 11DUROU muito pouco a indomável resistência, a inaudita bravura, a incontornável oposição do PS ao recurso ao FMI. Nos próximos anos, cada vez que um português se queixar da penúria, da fome, da política de cortes cegos nos direitos sociais, haverá sempre alguém a apontar o dedo e acusar: foi o PS quem lhes abriu a porta. O PS nem por si próprio teve consideração e cedeu às pressões do chefe de Estado e dos partidos que se andam a apropinquar aos cadeirões do poder com o mínimo de custos políticos.
Bastou uma palavra da banca para que o aço da resistência do PS tomasse a consistência da gelatina. As agências de ‘rating' pressionaram a República e o Governo, até que perceberam que em vez de rezar aos santos o mais directo e eficaz seria orar ao deus dinheiro: pressionaram os bancos, e a banca não precisou sequer de pressionar o Governo. Bastou falar e dizer o que quer: Plano europeu e FMI, já. Parece que estamos no PREC, já, mas ao contrário. Trinta e sete anos após o 25 de Abril, a banca é quem mais ordena, dentro de ti, ó cidade!
Ao mesmo tempo, o País assiste - uma parte do País certamente incrédula - ao espectáculo de conselheiros de Estado a acusarem-se uns aos outros de mentirosos, em torno da questão de ter sido ou não abordada na última reunião do Conselho a questão do pedido de intervenção externa na crise financeira portuguesa. O Conselho, órgão de consulta do chefe de Estado, tem carácter reservado e as respectivas actas têm um período de reserva de 30 anos. Mas eis que um conselheiro fura a reserva e a reunião se transfere para a praça pública em termos à altura de quem os usa.
Por estas e outras, e por estes e outros, cada vez mais se confirma mais a profecia de que "Portugal não é um país, é um sítio mal frequentado".
Etiquetas: autor convidado, JPG
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home