5.4.11

Achega para uma lógica nacional

Por Ferreira Fernandes

LI, JURO. O jornalista foi esperar os passageiros do voo Rio-Lisboa que teve de fazer uma aterragem de emergência em Salvador. Houve uma explosão, sentiu-se cheiro a queimado, viu-se fumo na cabina, até que o avião aterrou na pista cercada por ambulâncias e carros de bombeiros. Que susto, não é? Pois ainda não viram nada...
No texto da agência publicado pelos jornais, cito o parágrafo a seguir ao susto: "O pior mesmo, segundo o testemunho [de uma] passageira, passou-se já em pleno aeroporto de Salvador..." E a testemunha, confirmada por outros passageiros, insistiu (e os jornais publicaram): "Aí é que foi pior..." Ali, no aeroporto de Salvador. Ali, pois, aconteceu o indizível mesmo para as pessoas curtidas por uma quase desgraça recentíssima.
Mas aconteceu, o quê? Uma bomba, como a da ETA em Barajas? Um homem-bomba, como recentemente no moscovita aeroporto de Domodedovo? Racketing da polícia como no aeroporto de Kinshasa?...
Vou directo ao horror sofrido pelos passageiros: "Estiveram até depois das 06.00 até que foram transferidos para um hotel." Vocês dão-se conta? Horas até ser transferido para um hotel!
Sou mesmo um artolas. Estivesse eu naquele voo, tinha ido para o bar comemorar não ter ido para o galheiro e escapava-me a oportunidade de pôr nos meus cartões de visita: "Fulano de Tal - Ex-sobrevivente de uma transferência demorada para um hotel em Salvador." Nunca me faltaria conversa nos jantares sociais.
«DN» de 5 Abr 11

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