4.4.11

Ontem fui à bola

Por Ferreira Fernandes

ONTEM fui à bola mas esta crónica não é sobre bola. É um desdém sobre os únicos donos da única bola, os especialistas definitivos.
Com que então, a entrada do FMI era evidente há meses? Ou, com que então, ainda hoje nos podemos passar do FMI? Lembro-me do especialista típico, o das lapelas largas que ocupa as noites de domingo da SIC Notícias, esse, dizer antes do Mundial que não tínhamos jogadores. Tínhamos Cristiano, Pepe, Nani e Ricardo Carvalho, efectivos nas melhores equipas do mundo, mas não é essa evidência que conta. O importante é que esse especialista não soube (nem nenhum) prever o Coentrão, uma pérola mundial. Daí que sobre a crise eu só oiça os especialistas com a timidez dos sábios: "Sobre o FMI, eu acho, mas não estou seguro, que talvez..." Os definitivos têm a sua agenda: o das lapelas protegia o seu amigo seleccionador, e os "pró-FMI já!" e os "pelo adiar do FMI" protegem os seus votos a 5 de Junho.
Continuando a não falar de bola, detesto os que só vêem o argueiro no olho do outro. A biografia de Passos Coelho ser escrita por Felícia Cabrita vale a biografia de Sócrates ser apresentada por Dias Loureiro. Ambas baixezas, mas como não tenho nenhum por santo, não vejo essas circunstâncias das suas biografias como desilusão.
Ontem, fui com olhos disponíveis para ver Hulk e Coentrão. Definitiva, só a minha opinião sobre os que queimam um autocarro portista e os que apedrejam dirigentes benfiquistas.

«DN» de 4 Abr 11

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