1.4.11

Hoje sinto-me Maurice Duverger

Por Ferreira Fernandes

AQUILO que faço aqui é cronicar, o que alguns confundem com o ofício de nome estrangeiro e tudo, opinion maker, mas Deus me livre. Aqui só caço episódios. Faço por trazer episódios que indiciem e destapem, mas meros episódios. Longo intróito para tão curta crónica porque hoje vou, aparentemente, falar de questões metendo leis: a demora a que somos obrigados até votar.
Ontem, que foi 31 de Março, soubemos que iremos viver com semi-Governo, Governo trôpego ou de gestão, até 5 de Junho (um bocadinho mais, porque há que reunir o novo parlamento, etc., mas não quero complicar). Dois meses e uma semana semigovernados! E quem decidiu teve de o fazer porque a Lei Eleitoral assim manda: depois de o Presidente aceitar a demissão do Governo, há que respeitar um prazo mínimo de 55 dias para novas eleições.
55 dias foi quanto o Charlton Heston e a Ava Gardner aguentaram cercados em Pequim e deu direito a filme. Eu, como todas as almas simples, nunca tinha pensado no assunto mas faz-me impressão que os constitucionalistas não tenham previsto: vivendo com um meio Governo, não seria prudente encurtar os prazos para remediar o assunto? É que podemos estar cercados pela revolta dos Boxers (ou ansiados pela entrada do FMI) e o País de mãos atadas...
Vou abrir um leilão: partido que prometa resolver essa questão óbvia (que até eu entendo), encurtando o prazo, ganha simpatia para o meu voto.
«DN» de 1 Abr 11

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