11.4.11

O Circo

Por A. M. Galopim de Carvalho

ENTRE as muitas atracções que alegraram a feira de São João, em Évora, ao longo dos anos, o Circo (estou a lembrar-me do Circo Mariano) foi sempre, para mim, o acontecimento mais importante de todos. Sabia-se na cidade logo que chegava, uns dez ou quinze dias antes, o tempo necessário para montá-lo. O Circo aparecia-me como um mundo maravilhoso de surpresas e de liberdade. Vir de longe, ficar uns tempos e abalar para longe, para o desconhecido, dormir ao relento, ou quase, não ir à escola e ter animais exóticos para convívio diário, eram algumas das coisas que nele me encantavam. Logo que chegava, e eu sabia-o de imediato, começava a rondar-lhe por perto. Passados um dia ou dois, na sequência de umas ajudas que voluntária e espontaneamente lhe passava a oferecer, lá me integrava no grupo, levando tábuas, estendendo pano, puxando cordas. Invejava, sobretudo, a vida das crianças filhas da gente do Circo, pela liberdade que tinham, sem aquela tutela constante dos pais, que eu bem conhecia:(...)

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