9.4.11

Um Curso Superior

Por Alice Vieira

- Ó PROFESSORA, que prazer levá-la no meu táxi!”

Depois de um dia de muito trabalho, agrada-me ser recebida tão efusivamente, embora emende o tratamento, e diga que não sou professora, mas ele ri-se e diz “claro que é, então eu não sei!, até já foi à escola dos meus netos!”
Desisto, enquanto ele fala, olhando de vez em quando pelo retrovisor a ver se estou a segui-lo.
Conta-me a vida toda, desde os tempos difíceis de infância numa aldeia perto da Guarda, onde só se lembra de ter calçado sapatos no dia em que foi fazer o exame da 4ª classe, até à ida para África e o regresso em 75.
Tudo para me explicar o amor pela sua professora, e o desgosto que sentiu quando ela morreu, “igual ao que senti pela morte da minha mãe”, garante. (...)

Texto integral [aqui]

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4 Comments:

Blogger José Batista said...

Repare-se que, em tempos de miséria, os alunos podiam ficar eternamente gratos aos seus professores.
Repare-se igualmente que, em tempos de mimo e abundância, os frequentadores da escola (alunos?...) ignoram ou desprezam os professores, os pais e, de modo geral, todos os que levam a vida humilde e honestamente.
Os modelos são, actualmente, outros, por comparação com tempos idos. Como não podia deixar de ser, de resto. Mas tínhamos que caminhar nesta direcção?...
Mesmo deixando de estudar serras, rios, caminhos de ferro... no ensino primário?
Que escuridão flamejante!

9 de abril de 2011 às 23:39  
Blogger Bartolomeu said...

Para ser franco, declaro-me de completo acordo com o taxista que conduziu a escritora.
Professor, pode ser qualquer um que se disponha transmitir-nos, ceder-nos, oferecer-nos um conhecimento.
Para esta disponibilidade de dar o saber que se possui, encontro paralelo nos movimentos circulares de rotação e de translação que a Terra efectua, sobre o seu eixo, o que dá origem ao aparecimento do dia e da noite, e em volta do sol, que dá origem às estações do ano.
Afinal de contas, uma dinâmica cósmica a que estamos sujeitos e condicionados, mas que resulta em evolução.
Um curso de superior qualidade, sem dúvida, Senhor taxista!
;)

10 de abril de 2011 às 10:10  
Blogger Bartolomeu said...

José Batista;
àqueles senhores republicanos, que nos governaram antes do 25 de Abril, convinha que a população fosse analfabeta. fosse incapaz de entender mais que a força de quem mandava e que conhecesse mais do que as alturas próprias de semear, mondar, regar e colher.
Estes mais recentes modelos de ensino, tendem também a criar marionetes servis, mão-de-obra barata, necessária à criação de riqueza para aqueles que do alto do seu poder económico, manobram estados e governantes desses estados.
Assistimos muito recentemente a uma dessas manifestações. Bastou que meia-dúzia de banqueiros cerrassem o sobrolho, para que a têmpera do Senhor PM estalasse.

10 de abril de 2011 às 10:17  
Blogger José Batista said...

É como diz, caro Bartolomeu.
Para desgraça nossa.
Outrora como agora.

10 de abril de 2011 às 23:10  

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