7.4.11

Revolução amanhã. Óptimo!

Por Ferreira Fernandes

O BE e o PC vão encontrar-se amanhã. Paira a hipótese de se unirem nas eleições, com o BE a admitir a ideia e o PC ainda a fazer-se rogado.
Só a hipótese existir é, para usar uma palavra cara aos dois, uma revolução. É certo que o que move isto são contas: os mesmos eleitores que deram 31 deputados ao BE (16) e PC (15), se votassem numa só sigla dariam 39... Mas é o fim de uma atitude facciosa que bebe em história antiga e para lá das nossas fronteiras.
Os comunistas trataram sempre os partidos à sua esquerda como grupelhos a soldo, o que nos anos de chumbo acabava mal (a Guerra Civil espanhola teve episódios trágicos). Por cá, o PCP considerou-os aliados "objectivos" da reacção, isto é, do inimigo. Já o BE - que, grosso modo, é a junção de maoistas (UDP) e de trotsquistas (PSR) - tem história menos unânime. Para a UDP, os comunistas eram, há 30 anos, sociais-fascistas. Já os trotsquistas foram os campeões da unidade que apresentaram durante décadas à esquerda, mas sendo ridicularizados por serem os mais pequenos da área.
O projecto de unidade sedimentado no BE foi fruto da aproximação de trotsquistas, maoistas e ex-comunistas, mas os primeiros podem reclamar-se de precursores. Amanhã, quando Francisco Louçã se encontrar com Jerónimo de Sousa pode ter a sua segunda unidade. Amanhã pode ser dia revolucionário: dia de caírem barreiras facciosas.
Óptimo, fortalece a democracia portuguesa.
«DN» de 7 Abr 11

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