2.5.11

PS, PSD e o cogumelo mágico

Por Ferreira Fernandes

O QUE VAI acontecer é o seguinte: em Junho, teremos um governo com o PS e o PSD. E o que está a acontecer (agora, até 5 de Junho) é o seguinte: o PS e o PSD têm um objectivo antagónico, que é ganhar as eleições. Para cumprirmos esta fase mais imediata, vai haver muito texto: discursos, entrevistas, frases, sound bites... Ora esse texto vai adequar-se ao contexto do antes ou ao contexto do depois de 5 de Junho? Será texto para o actual confronto irredutível entre o PS e o PSD? Ou texto para a cumplicidade (pelo menos, aparente e formal) de futuros colegas de governo?...
Podem vir a faltar-nos emprego, dinheiro e esperanças, mas suspeito que vão ser-nos oferecidas umas semanitas curiosas. Para já, sabe-se que o PSD decidiu privilegiar o contexto imediato e mandar às malvas o contexto seguinte. Miguel Relvas disse: "Eu no lugar do engenheiro Sócrates tinha vergonha, se eu fosse parente do engenheiro Sócrates escondia que era parente dele." São só textos, meros textos. Destes só se pede que sejam coerentes com o contexto. E com a actual luta eleitoral, são coerentes. Já não digo o mesmo para o contexto seguinte: "Então, não se envergonha em sentar-se ao meu lado?", dirá Sócrates a Relvas no próximo conselho de ministros... Eles talvez até se riam. Para os outros portugueses, lembro que "contexto" também significa "parte carnuda do cogumelo." Se é daqueles cogumelos mágicos, que alucinam, bate certo.
«DN» de 2 Mai 11

Etiquetas: ,