2.7.11

Caso DSK volta ao sítio certo

Por Ferreira Fernandes

A 18 DE MAIO escrevi a crónica "Esta crónica não é sobre Strauss-Kahn". Era sobre jornalismo. Lembrei o meu espanto ao ver a bíblia profissional The New York Times (NYT) publicar o "testemunho" de um norueguês dizendo que um taxista lhe contara que conduziu DSK do hotel ao aeroporto e que este ia, palavras do taxista, "transtornado".
Se um amigo meu de Oslo me telefonasse a dizer que o seu merceeiro ouviu da mulher do norueguês o que dissera o taxista, eu não publicava a informação em 5.ª mão. E o NYT não devia ter publicado um testemunho em 2.ª. Testemunhos são em 1.ª mão, ou não são. Caso vir a saber-se mentiroso, pode pedir-se responsabilidade a uma cara e a um nome.
Na crónica referi que o "transtornado" DSK nem fora do hotel para o aeroporto porque, entre um e outro, foi almoçar com a filha. A informação, pública, era do advogado de DSK - era publicável. Até hoje não foi desmentida, e se um dia o for, há um nome, o do advogado, a responsabilizar. Não é como o "taxista" volátil...
Escrevi sobre esse percalço do NYT porque ele ilustra mais os perigos do jornalismo actual que as ordinarices do tablóide New York Post (capa "Pervertido!" sobre foto do francês).
A reviravolta com o que se soube ontem da camareira do hotel lançou-nos para a dúvida de onde nunca devíamos ter saído. A verdade ficou mais cercada mas ainda não se conhece. Reconhecê-lo permite impressionarmo-nos menos com a riqueza dele e com o passado turvo dela.
«DN» de 2 Jul 11

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