1.7.11

Jogámos, eles foram jogados

Por Ferreira Fernandes

O PÓQUER, não sei se repararam, começou por se apresentar em torneios de madrugada nos canais por cabo e agora já abre telejornais às 8 da noite. Um patrão da União Europeia com ar de "all in", isto é, aposto tudo porque tenho quatro ases, diz que "a Grécia tem de ceder porque não tem plano B". Os deputados gregos, embora suspeitando que o homem estava a fazer bluff, ensaiaram uma votação que poderia levar à ruína qualquer viciado: seguiram o conselho do cara de póquer mas tão à tangente que também podiam não ter seguido.
Enfim, desta vez ninguém foi expulso da mesa, a jogatina tem para mais uns meses. Angela Merkel, com cara de quem gosta mais das máquinas de slot, ficou eufórica como se lhe tivessem saído três cerejas alinhadas. Entretanto, nas ruas de Atenas, as jogadas (estas sendo mais de lerpa) continuaram com pontapés no tampo e as cartas deitadas ao ar...
A Europa está assim, vivendo o que já está escrito, num provérbio, como definição de jogo: "Numa aposta há sempre um tolo e um ladrão." Mas é tão emocionante, não é? Não é. Compare-se com os afegãos que acabam de ouvir que os americanos e europeus se vão embora "com orgulho do dever cumprido". Com esses, sim, com os afegãos o jogo foi a sério e chama-se: nós estivemos a brincar com eles. Jogámos, eles foram jogados - e agora eles lá ficam, homens e mulheres. E não ficam só a perder a feijões.
«DN» de 1 Jul 11

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1 Comments:

Blogger JARRA said...

Quando comentamos que não se percebia como alguém que não conseguia governar Portugal ia governar a Europa, falávamos a sério!
Está à vista, não?

1 de julho de 2011 às 15:38  

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