Uma aula chata e uma boa promessa
Por Ferreira Fernandes
UM MINISTRO, que digo?, o ministro, porque quem nos administra hoje as Finanças é como Moisés para os judeus ansiando sair do Egipto, veio explicar-nos a fuga da crise.
Quem esperava por Charlton Heston, irado, com dois focos de inspiração a sair-lhe da testa, surpreendeu-se com o nosso Vítor Gaspar leccionando a uma turma de jornalistas Métodos Quantitativos Aplicados. Tom monocórdico e lento, como só pode ter um professor seguro de que a classe lhe bebe as palavras.
Podia contestar-se a falta de emoção do ministro quando o País precisa de ser abanado, mas eu percebi: o Governo anterior era acusado de fogo de vista e este quer afirmar-se pelo tom professoral. Nada contra. No entanto, eu (o cidadão, não o jornalista) podia ser poupado a frases ("estava à espera de ver-vos a virar a página...", e a página não era uma metáfora, era mesmo uma de documento distribuído) mais próprias de uma aula no ISEG do que em transmissão televisiva. E ficou-me um desejo por saciar: Vítor Gaspar, que eu não conhecia e ontem apostou no perfil chato, teve um relâmpago de ironia, com a história do "desvio colossal", digno de O Último a Sair. Já aplaudi este programa de forma suficientemente desmedida para não se ler, na comparação, uma crítica ao ministro. Fico é com mais uma razão para que a crise acabe: liberto dela, vamos certamente ter um Vítor Gaspar a brincar com as palavras de forma como não é hábito vermos num governante.
«DN» de 15 Jul 11UM MINISTRO, que digo?, o ministro, porque quem nos administra hoje as Finanças é como Moisés para os judeus ansiando sair do Egipto, veio explicar-nos a fuga da crise.
Quem esperava por Charlton Heston, irado, com dois focos de inspiração a sair-lhe da testa, surpreendeu-se com o nosso Vítor Gaspar leccionando a uma turma de jornalistas Métodos Quantitativos Aplicados. Tom monocórdico e lento, como só pode ter um professor seguro de que a classe lhe bebe as palavras.
Podia contestar-se a falta de emoção do ministro quando o País precisa de ser abanado, mas eu percebi: o Governo anterior era acusado de fogo de vista e este quer afirmar-se pelo tom professoral. Nada contra. No entanto, eu (o cidadão, não o jornalista) podia ser poupado a frases ("estava à espera de ver-vos a virar a página...", e a página não era uma metáfora, era mesmo uma de documento distribuído) mais próprias de uma aula no ISEG do que em transmissão televisiva. E ficou-me um desejo por saciar: Vítor Gaspar, que eu não conhecia e ontem apostou no perfil chato, teve um relâmpago de ironia, com a história do "desvio colossal", digno de O Último a Sair. Já aplaudi este programa de forma suficientemente desmedida para não se ler, na comparação, uma crítica ao ministro. Fico é com mais uma razão para que a crise acabe: liberto dela, vamos certamente ter um Vítor Gaspar a brincar com as palavras de forma como não é hábito vermos num governante.
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