12.7.11

Lixeira

Por João Paulo Guerra

DE TÃO INDIGNADOS com o lixo, muitos comentaristas não vêem a lixeira. Isto é: para grande número de pensadores do dia-a-dia, o que é horrível em tudo o que se tem passado nas últimas semanas é a malvadez de uma agência de rating, no caso concreto a Moody’s, que decidiu tomar de ponta um país e tudo quanto lhe diga respeito, instituições e empresas, numa clara tentativa de levá-lo à falência.

«It's nothing personal», terão comentado os analistas da Moody’s, citando a banda metalo-punk “Bury Your Dead” (“Enterra o teu morto”, título que também poderá vir a propósito). Pois claro que não é pessoal. É simplesmente o sistema de grau entulho, o seu funcionamento de nível detrito sólido, a sua lógica de classe porcaria, os seus fins especulativos de tipo imundície, e um grau de seriedade a merecer a nota escória, a actuarem no seu melhor.

E tanto assim que já começa a fazer-se a distinção entre as agências boazinhas, de ratings convenientes (até ver), e os pérfidos escritórios do rating marado, próprio para a manipulação, a especulação e a chantagem. E até a Comissão e o Banco Central europeus estão a matutar na criação de uma agência própria de rating, que faça tudo como as americanas mas em sentido contrário: euro contra o dólar, para eles verem se gostam e se aprendem.

Claro que também há quem pense e escreva que tudo se passa assim, e não assado, porque «os ladrões estão refastelados em Wall Street», desempenhando o papel de «sumo-sacerdotes do capital globalizado e explorador». É o caso do teólogo e filósofo Leonardo Boff. Pelos vistos, ainda há neste mundo nos limites, com milhões de homens, mulheres e jovens excluídos da riqueza e até do trabalho, quem pense e se indigne como Jesus Cristo, quando escorraçou os vendilhões.
«DE» de 11 Julho 11

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

¿Fríamente, sin motivos personales?

12 de julho de 2011 às 22:14  

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