10.7.11

Nossa Senhora e a Pátria

Por Alice Vieira

AGORA não se rala muito mas, em miúda, sempre que falava no caso, todos atiravam as culpas para cima dos outros, e assobiavam para o ar.
Desde que se lembrava de ser gente e de ter direito a fazer perguntas (o que, lá em casa, era direito que chegava muito tarde) nunca ninguém lhe conseguiu dar resposta cabal.

O pai dizia:
- Eu nunca me meti nisso.
A mãe dizia:
- Eu estava mais para lá que para cá, aceitei o primeiro nome que me propuseram. (...)

Texto integral [aqui]

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1 Comments:

Blogger Bartolomeu said...

Maravilhoso texto!
Só acho que a mãe de Maria lhe podia ter explicado, que apesar do nome -sem autores -com que fora baptizada lhe parecer descontextualizado da tendência da época, se devia dar por muito contente. Se tivesse nascido mais tarde, teria corrido o risco de se chamar Moody's de Portugal.
Mas, permita-me a cara autora, uma pequena "colherada" no conceito; é que, Maria de Portugal, é a mulher do povo, a mulher comum. Não que seja menos representativa que a mãe de Cristo, mas porque erradamente, à aparição de Fátima lhe foi atribuida essa designação, quando afinal, era a Nossa Senhora do Rosário que ela se destinava. Contudo, é Nossa Senhora da Conceição a Padroeira deste país. Daí, muitas Conceições existirem, mas Camões... muito poucos, pelo menos, que sejam poetas e cantem a gesta de um povo.
;)

11 de julho de 2011 às 11:31  

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