Demagogia
Por João Paulo Guerra
E DE SÚBITO, como se não houvesse nada de mais importante ou interessante para discutir em Portugal, começou a discutir-se em Portugal o cabaz de compras e as poupanças do cidadão chefe de Estado.
Verdade que foi o próprio a colocar a questão na agenda. Mas parece absolutamente mesquinho que num País, onde começa a grassar a fome e há muito que alastra o desespero, se traga para a agenda política e social quantas pensões e subsídios recebe o chefe de Estado, como se fosse essa a desigualdade que faz de Portugal um País profunda e iniquamente desigual.
O cidadão que ocupa a chefia do Estado ganha as pensões para as quais descontou na sua vida profissional. Ponto final. Se alguma coisa é injusta ou está mal nesse sistema, não é uma questão com aquele indivíduo, mas um assunto com um sistema eventualmente a alterar. Em segundo lugar, e sendo inteiramente a favor da igualdade dos cidadãos perante a lei, parece-me um sentimento tacanho que se queira sujeitar o titular de um cargo de representação uninominal da dignidade do Estado à pelintrice nacional. Não se percebe se alguém pensa que as injustiças se atenuam e se cobre o défice fazendo o chefe de Estado a deslocar-se de carro eléctrico para o trabalho, levando um saquitel com a merenda preparada em casa.
O que anda por aí é a mais desenfreada demagogia, com a qual se esconde, sobre um cenário de pobreza franciscana, uma situação real de desigualdade. Mas essa não é a que se verifica entre os cidadãos e o chefe de Estado: é a que se oculta entre um país real que paga a crise, com toda a espécie de sacrifícios e restrições, e um reino que, com crise ou sem crise, vai acumulando e concentrando uma imensa riqueza sempre por distribuir.
«DE» de 24 Jan 12E DE SÚBITO, como se não houvesse nada de mais importante ou interessante para discutir em Portugal, começou a discutir-se em Portugal o cabaz de compras e as poupanças do cidadão chefe de Estado.
Verdade que foi o próprio a colocar a questão na agenda. Mas parece absolutamente mesquinho que num País, onde começa a grassar a fome e há muito que alastra o desespero, se traga para a agenda política e social quantas pensões e subsídios recebe o chefe de Estado, como se fosse essa a desigualdade que faz de Portugal um País profunda e iniquamente desigual.
O cidadão que ocupa a chefia do Estado ganha as pensões para as quais descontou na sua vida profissional. Ponto final. Se alguma coisa é injusta ou está mal nesse sistema, não é uma questão com aquele indivíduo, mas um assunto com um sistema eventualmente a alterar. Em segundo lugar, e sendo inteiramente a favor da igualdade dos cidadãos perante a lei, parece-me um sentimento tacanho que se queira sujeitar o titular de um cargo de representação uninominal da dignidade do Estado à pelintrice nacional. Não se percebe se alguém pensa que as injustiças se atenuam e se cobre o défice fazendo o chefe de Estado a deslocar-se de carro eléctrico para o trabalho, levando um saquitel com a merenda preparada em casa.
O que anda por aí é a mais desenfreada demagogia, com a qual se esconde, sobre um cenário de pobreza franciscana, uma situação real de desigualdade. Mas essa não é a que se verifica entre os cidadãos e o chefe de Estado: é a que se oculta entre um país real que paga a crise, com toda a espécie de sacrifícios e restrições, e um reino que, com crise ou sem crise, vai acumulando e concentrando uma imensa riqueza sempre por distribuir.
Etiquetas: JPG
3 Comments:
Salvo melhor opinião, não é a mesquinhez nem a inveja (que existem) que estão em causa. Ninguém de boa fé quer um PR pelintra e este tem as pensões de reforma a que tem direito, à luz dos (discutíveis) direitos adquiridos. Temos que convir que Cavaco foi infeliz e devia retractar-se. Não comungo da subscrição de uma petição que por aí circula a pedir a sus demissão(!),já que o homem não cometeu qualquer crime que a justifique.
Excelente o artigo de JPG.
Apenas a faltar-lhe um pormenor.
É que o principal responsável da situação é o Sr. Silva.
Mas, um povo que "produz" um 1º ministro(10 anos) e um presidente destes não merece mais.
Deslocou o foco para enganar... e sobressair...mas saíu-se muito mal!
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