Ficaram os ‘boys’
Por João Paulo Guerra
PORTUGAL jamais viveu propriamente em regime de vacas gordas.
Mas agora deixou morrer as próprias vacas magras. E depois? Depois, morreram as vacas mas ficaram os ‘boys'.
O atual do secretário de Estado do Emprego, há um ano, então na qualidade de economista opinante, criticou as nomeações políticas para cargos públicos e o facto de todos os partidos prometerem acabar com a vilanagem, enquanto todos os governos cultivam a distribuição de ‘jobs' pelos respetivos ‘boys'. "Todos fazem o mesmo", disse o então economista, pressagiando o que estava para vir: o Governo do qual o próprio faria parte. Confirma-se agora: "Todos fazem o mesmo".
Não é de agora e já Ramalho Ortigão, em Novembro de 1881, zurzia em "As Farpas", os que se andavam a "amamentar, a expensas do reino, pela vaquinha de leite da pública governação". O que quer dizer que Portugal tem tradição e ‘know-how' em matéria de distribuição e apanha de tachos. Nos tempos da ditadura contava-se mesmo que um conhecido tachista era comparável a um autocarro da Carris: tinha 40 lugares, todos pagos.
Em democracia, não tardou a comezaina. Cada partido que foi chegando ao poder - na estrita rotação trifásica entre PS, PSD e CDS - atafulhou os quadros do Estado com a respetiva rapaziada. Muitos devem ainda lá estar e talvez nem se recordem já quem os nomeou: se o partido a que pertenciam, se aquele a que passaram a pertencer.
O raciocínio é simples: quem ganha eleições - ou quem é cooptado para parceiro pelo vencedor - distribui o produto do saque, como outrora faziam os vencedores das batalhas. Não há limites e a ideia é rapar o tacho enquanto é tempo, rapidamente e em força. E depois quem paga é a democracia, que o tachismo transforma numa cópia esborratada do chamado governo do povo.
«DE» de 16 Jan 12PORTUGAL jamais viveu propriamente em regime de vacas gordas.
Mas agora deixou morrer as próprias vacas magras. E depois? Depois, morreram as vacas mas ficaram os ‘boys'.
O atual do secretário de Estado do Emprego, há um ano, então na qualidade de economista opinante, criticou as nomeações políticas para cargos públicos e o facto de todos os partidos prometerem acabar com a vilanagem, enquanto todos os governos cultivam a distribuição de ‘jobs' pelos respetivos ‘boys'. "Todos fazem o mesmo", disse o então economista, pressagiando o que estava para vir: o Governo do qual o próprio faria parte. Confirma-se agora: "Todos fazem o mesmo".
Não é de agora e já Ramalho Ortigão, em Novembro de 1881, zurzia em "As Farpas", os que se andavam a "amamentar, a expensas do reino, pela vaquinha de leite da pública governação". O que quer dizer que Portugal tem tradição e ‘know-how' em matéria de distribuição e apanha de tachos. Nos tempos da ditadura contava-se mesmo que um conhecido tachista era comparável a um autocarro da Carris: tinha 40 lugares, todos pagos.
Em democracia, não tardou a comezaina. Cada partido que foi chegando ao poder - na estrita rotação trifásica entre PS, PSD e CDS - atafulhou os quadros do Estado com a respetiva rapaziada. Muitos devem ainda lá estar e talvez nem se recordem já quem os nomeou: se o partido a que pertenciam, se aquele a que passaram a pertencer.
O raciocínio é simples: quem ganha eleições - ou quem é cooptado para parceiro pelo vencedor - distribui o produto do saque, como outrora faziam os vencedores das batalhas. Não há limites e a ideia é rapar o tacho enquanto é tempo, rapidamente e em força. E depois quem paga é a democracia, que o tachismo transforma numa cópia esborratada do chamado governo do povo.
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