Insónia
Por João Paulo Guerra
UMA NOITE destas, os efeitos conjugados de uma gripe violenta e de uma insónia prolongada atiraram comigo para as madrugadas de cinema na televisão.
Foi fácil rejeitar de imediato a maioria das ofertas em cartaz. Foi mais difícil encontrar alguma coisa digna de se ver. E foi talvez por acaso que dei comigo a ver, do início, o filme espanhol La Caja 507. Quando agora leio o currículo, com significativo número de prémios, do realizador e autor do guião, Enrique Urbizu, confirmo a impressão com que fiquei do filme: direito ao assunto em história da maior atualidade muito bem urdida e contada em cinema.
Conhecia o tema de um livro e de artigos dispersos do magistrado Baltazar Gárzon, ignominiosamente levado agora a tribunal pelas bruxas sobreviventes do franquismo. La Caja 507 é um pequeno cofre numerado e para uso pessoal de um banco que é assaltado por um bando do crime desorganizado. Por circunstâncias que não me cabe relatar, o gerente do banco assaltado vem a tomar conhecimento do conteúdo da Caixa e, por essa via, das ligações entre a lavagem de dinheiro do crime, esse sim, organizado e globalizado, a corrupção municipal e a transformação do sul de Espanha num árido deserto povoado de hotéis e aldeamentos. Qualquer espanhol do sul poderá pensar que o enredo do filme foi inspirado na sua terra, ou até mesmo na sua rua. Também há um jornalista bem-intencionado e um diretor venal metidos no enredo.
Diz o povinho - que só não é sábio quando vota nos seus piores algozes - que há males que vêm por bem. O meu mal permitiu-me ver, num canal do cabo, às 2h e 30m da madrugada, uma história que os espetadores dos prime-time não conseguem ver às horas em que camiões descarregam areia suja e poluída para os olhos de quem julga que está acordado.
«DE» de 26 Jan 12UMA NOITE destas, os efeitos conjugados de uma gripe violenta e de uma insónia prolongada atiraram comigo para as madrugadas de cinema na televisão.
Foi fácil rejeitar de imediato a maioria das ofertas em cartaz. Foi mais difícil encontrar alguma coisa digna de se ver. E foi talvez por acaso que dei comigo a ver, do início, o filme espanhol La Caja 507. Quando agora leio o currículo, com significativo número de prémios, do realizador e autor do guião, Enrique Urbizu, confirmo a impressão com que fiquei do filme: direito ao assunto em história da maior atualidade muito bem urdida e contada em cinema.
Conhecia o tema de um livro e de artigos dispersos do magistrado Baltazar Gárzon, ignominiosamente levado agora a tribunal pelas bruxas sobreviventes do franquismo. La Caja 507 é um pequeno cofre numerado e para uso pessoal de um banco que é assaltado por um bando do crime desorganizado. Por circunstâncias que não me cabe relatar, o gerente do banco assaltado vem a tomar conhecimento do conteúdo da Caixa e, por essa via, das ligações entre a lavagem de dinheiro do crime, esse sim, organizado e globalizado, a corrupção municipal e a transformação do sul de Espanha num árido deserto povoado de hotéis e aldeamentos. Qualquer espanhol do sul poderá pensar que o enredo do filme foi inspirado na sua terra, ou até mesmo na sua rua. Também há um jornalista bem-intencionado e um diretor venal metidos no enredo.
Diz o povinho - que só não é sábio quando vota nos seus piores algozes - que há males que vêm por bem. O meu mal permitiu-me ver, num canal do cabo, às 2h e 30m da madrugada, uma história que os espetadores dos prime-time não conseguem ver às horas em que camiões descarregam areia suja e poluída para os olhos de quem julga que está acordado.
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