26.1.12

Memórias Fardadas(10) - Entre dois copos de branco

Por A. M. Galopim de Carvalho

DEMASIADO envelhecido para os seus sessenta e poucos anos, o nosso sargento Limpinho, viúvo, alcoolizado por um punhado de razões, entre as quais e sobretudo a solidão, não quisera passar à reserva pois, para ele, o quartel era a sua casa e os militares a sua única família. Mal amanhado numa farda sebenta, dois ou três números acima da sua magreza, nunca usava o bivaque – perdera-o, não se lembrava onde - e era assim, em cabelo, liso, ralo e grisalho, que fazia as continências, sempre frouxas, de ponta de cigarro, molhada e amarelecida, ao canto da boca, cumprimentando os superiores ou respondendo à soldadesca. Fazia com zelo o trabalho que lhe competia e, ainda bem não, saía do quartel em busca do aconchego que só o vinho lhe dava. Todos viam estas suas escapadinhas mas ninguém o incomodava ou maltratava. (...)

Texto integral [aqui]

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4 Comments:

Blogger R. da Cunha said...

Mais uma bela estória do professor, até pelos termos usados, que ninguém já usa (julgo). O que intriga é como é que ele assitiu àquela conversa, mas isso não interessa nada, como dizia a outra. É sempre com enorme prazer que se lê este tipo de estórias (nem sempre comentadas, é verdade).

26 de janeiro de 2012 às 19:10  
Blogger José Batista said...

Esta é uma "crónica ficcionada de uma vivência em Évora, em começo dos anos cinquenta do século passado" como o autor informa, imediatamente antes do texto, no seu blogue: sopasdepedra.blogspot.com
Fica portanto explicado como "é que ele assistiu àquela conversa".

26 de janeiro de 2012 às 21:54  
Blogger 500 said...

Há sempre um explicador para os mais trengos, e ainda bem.

26 de janeiro de 2012 às 23:16  
Blogger José Batista said...

Ó 500, desculpe lá:
O R. da Cunha é por aqui um comentador muito estimado. Como o 500.
Ele apenas não terá lido o texto do Professor Galopim no blogue do autor. Só isso.
Este é um sítio de gente boa, onde os trengos estão a mais, e é bom que não se sintam (muito) confortáveis.
Penso (sinto e desejo) eu, depois de tomar no sorumbático um lugarzinho como se fora em minha casa. Já viu como me atrevo a falar?
Porque me sinto em boa companhia.
Abraço.

26 de janeiro de 2012 às 23:28  

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