9.1.12

Nostalgia

Por João Paulo Guerra

OS PORTUGUESES mergulharam na nostalgia.

Dados divulgados pelo Dicionário Priberam da Língua Portuguesa revelam que a palavra mais pesquisada em 2011 pelos portugueses - com mais de 185 mil buscas - foi nostalgia, esse "estado melancólico causado pela falta de algo", ou ainda essa "tristeza profunda causada por saudades do afastamento da pátria ou da terra natal", como o próprio Dicionário define.

É claro que há cada vez mais portugueses afastados da Pátria, no verdadeiro sentido, porque emigram, ou no sentido figurado de não se reconhecerem nesta Pátria governada por uma ‘Troika' fandanga de burocratas e respectivos ajudantes de campo. Talvez venha daí o sentimento merencório que domina os portugueses, mesmo os que não sabem que o termo existe.

Também é verdade que a nostalgia tem sido tema de fados sofridos e fonte de inspiração de poetas, neste "País de lenda", o País de Florbela Espanca. Mas também é certo que a nostalgia, sendo já de si um estado de certa morbidez, conduz à nostomania, uma espécie de alienação mental. E aí, muito cuidado, pois um acesso de nostomania acrescido por um sentimento de raiva ao tomar conhecimento da taxa moderadora pode levar a um transtorno disfórico que é já um grau superior de mal-estar psíquico.

Falando mal e depressa, um português comum diria simplesmente que "isto é de loucos", demonstrando que é do senso comum que a crise faz mal à saúde e dá a volta à cabeça das vítimas. E o que é uma vítima da crise acometida de transtorno disfórico? É um paciente em trânsito por alterações do humor e do comportamento.

Nas doenças, como nas crises, o mal está em não serem tratadas a tempo e bem. Na fase seguinte, os pacientes agarram-se ao dicionário para entender de que padecem.
«DE» de 9 Jan 11

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