17.2.12

Avaliação

Por João Paulo Guerra

PORTUGAL passou a ser um país secundário e dependente, submetido regularmente a avaliação por parte de burocratas que apreciam não tanto a evolução dos indicadores da economia mas mais o grau de obediência, sujeição e servilismo em relação a ditames do exterior.

Não se trata de saber se a economia do País está a crescer, ou o endividamento e o défice a descerem. Trata-se de avaliar se Portugal está a obedecer a sujeições ideológicas que lhe são impostas do exterior. Portugal não tem sequer direito a usar um código de valores e de referências nacionais. Não há nada pior em termos de sujeição, de obediência e de humilhação.

Não sei o que vêem os governantes portugueses quando se olham nos espelhos. Mas o verdadeiro poder em Portugal reside em potências ocupantes. Os governantes portugueses não têm mais autonomia que uma governanta doméstica: tentam arrumar a casa, segundo as ordens de patrões, sob a sua supervisão, como capatazes. E são regularmente inspeccionados e avaliados, como simples subordinados que são.

Neste preciso momento está uma tripeça em visita de inspecção a Portugal. Se quiserem deitam o País para o lixo. E com o País, na pá do lixo, vai a identidade, a memória, a História do País e as pessoas. Coisas sem préstimo, porque o mundo é outro, o mundo mudou, está bem de ver que mudou, e para muito pior, sem alma e sem causas.

Agora, o único valor é o mercado. Os senhores da tripeça são inspectores do mercado. Acordaram hoje no conforto máximo de um belíssimo e alto hotel sobre Lisboa, olharam a cidade branca com absoluta indiferença e vão tomar decisões. Amanhã, quando voltarem a acordar, o País estará mais pobre, mais endividado e mais triste. Mas a tristeza não tem cotação no mercado.
«DE» de 17 Fev 12

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