21.3.12

Pobre País

Por João Paulo Guerra

CHEGUE ou não chegue a 2015, o Governo dos Drs. Passos Coelho e Paulo Portas já conquistou uma medalha de lata: a política governamental conduzirá Portugal, daqui a três anos, à classificação de país pobre.

Pobre País! Afinal, o destino que estava reservado a Portugal não era o do socialismo da miséria. Era o da miséria do neoliberalismo, mascarado de social-democracia e democracia cristã. E assim, por obra e graça do actual Governo, Portugal - que já seguiu os paradigmas da Irlanda ou da Finlândia - poderá então ombrear com a Roménia ou a Bulgária. Deve constituir um enorme motivo de orgulho para os membros do actual Governo que, lá por volta de 2015, poderão já estar ao abrigo das agruras da sorte, repimpados no bem-bom de um conselho de administração.

Este resultado, previsto pela Ernst & Young, não é um desastre. Corresponde a uma política deliberada, friamente seguida pelo Governo do PSD/CDS, com apoio de Belém mais ou menos disfarçado, mas sempre promulgado, e a cumplicidade do PS. Foram avisados vezes sem conta - até mesmo pelo FMI, pasme-se! - para os resultados da política seguida em Portugal: uma política para arrasar todo e qualquer direito social, destruir emprego, liquidar o poder de compra da classe média, desmantelar o mercado interno, arruinar empresas para as oferecer de bandeja à clientela das privatizações, baixar a produção e a própria receita fiscal e, desde logo, aumentar o défice. Não podia haver nada de mais errado, nefasto e de efeitos mais previsíveis.

Se não fosse o medo, amanhã paravam todos os portugueses agredidos pela política governamental, todos os que recebem menos, pagam mais e têm os seus direitos em vias de extinção, e Portugal parava com eles.
«DE» de 21 mar 12

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