Estratégia
Por João Paulo Guerra
MÃO AMIGA e sempre atenta fez-me chegar um power point denunciando diversas estratégias de manipulação no qual se regista o seguinte receituário como um dos pontos estratégicos: «Criar uma crise económica para que o povo aceite como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos».
Ora isto parece um retrato de corpo inteiro da chamada crise em Portugal. Com pequenas nuances: em Portugal o povo é mais atreito a aceitar os males que Deus, o governo ou o patrão classificam de necessários, como parte da canga que transporta aos ombros desde os tempos da ditadura, e que só em termos de folclore, e por curtíssimo lapso de tempo, arriou.
Os governos da democracia, que passam a vida a fustigar a herança dos «governos anteriores», deviam prestar uma sentida homenagem ao grande trabalho do «governo anterior» que foi o do Dinossauro Excelentíssimo ao domesticar o povo e submeter a opinião pública à tortura do sono. Para a grande maioria dos portugueses a sua política é o trabalho e a sua atitude na vida é transida de medo e repassada de cautelas.
Nos dias que correm basta ver e comparar como os gregos receberam a austeridade ou como os espanhóis se indignaram. Por cá baixa-se o tom de voz e muda-se rapidamente de conversa quando se fala dos sacrifícios, evita-se o contágio do activista que distribui panfletos, foge-se a sete pés do camarada de trabalho que não se cala e não se rende. Os que levantam a voz e mantêm direita a cerviz constituem uma minoria. A maioria é silenciosa. E no silêncio caberá alguma indignação mas acima de tudo muito medo.
«O medo vai ter tudo», insiste O'Neill e repito eu: «milagres // cortejos // frases corajosas // conferências várias // congressos muitos // óptimos empregos».
«DE» de 20 Mar 12MÃO AMIGA e sempre atenta fez-me chegar um power point denunciando diversas estratégias de manipulação no qual se regista o seguinte receituário como um dos pontos estratégicos: «Criar uma crise económica para que o povo aceite como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos».
Ora isto parece um retrato de corpo inteiro da chamada crise em Portugal. Com pequenas nuances: em Portugal o povo é mais atreito a aceitar os males que Deus, o governo ou o patrão classificam de necessários, como parte da canga que transporta aos ombros desde os tempos da ditadura, e que só em termos de folclore, e por curtíssimo lapso de tempo, arriou.
Os governos da democracia, que passam a vida a fustigar a herança dos «governos anteriores», deviam prestar uma sentida homenagem ao grande trabalho do «governo anterior» que foi o do Dinossauro Excelentíssimo ao domesticar o povo e submeter a opinião pública à tortura do sono. Para a grande maioria dos portugueses a sua política é o trabalho e a sua atitude na vida é transida de medo e repassada de cautelas.
Nos dias que correm basta ver e comparar como os gregos receberam a austeridade ou como os espanhóis se indignaram. Por cá baixa-se o tom de voz e muda-se rapidamente de conversa quando se fala dos sacrifícios, evita-se o contágio do activista que distribui panfletos, foge-se a sete pés do camarada de trabalho que não se cala e não se rende. Os que levantam a voz e mantêm direita a cerviz constituem uma minoria. A maioria é silenciosa. E no silêncio caberá alguma indignação mas acima de tudo muito medo.
«O medo vai ter tudo», insiste O'Neill e repito eu: «milagres // cortejos // frases corajosas // conferências várias // congressos muitos // óptimos empregos».
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