Como entrevistar Otelo sem tolices
Por Ferreira Fernandes
OTELO é o único português que passou mais de uma hora com Fidel e Olof Palme. Daí ser desperdício as suas conversas com jornalistas acabarem sempre em manchetes infelizes e alarmes desnecessários. Segue-se um questionário para ajudar a dar a volta a entrevistas sem sentido.
- Otelo, como está? - Eu estou bem, mas o País está a precisar de novo 25 de Abril!
- Claro, para o mês que vem já cá temos outro...
- Não falo de calendário, falo das massas...
- Estou a ver, também é fã da culinária italiana?
- Não, pá, eu estou a falar da revolução.
- Do novo iPad? Também adoro, aquilo é que muda a tecnologia toda.
- Qual iPad?! Refiro-me à tomada do poder pelo povo.
- O povo é quem mais ordena e é verdade. Mandamos vir outra cerveja?
- O camarada jornalista parece-me tão alienado como os seus colegas do tempo da Outra Senhora. As Forças Armadas vão ter de sair à rua para lhe devolver a liberdade.
- As FA a abrir secções de Perdidos e Achados? Não tem lido os jornais? Há crise, não é altura de aumentar tarefas aos militares.
- É exatamente por causa dessa crise que os militares têm de sair dos quartéis!
- Mas eles já saem e entram. Todos os dias, sem drama.
- Espere aí: não me pediu a entrevista para eu fazer mais um apelo à insurreição?
- Não, Otelo. Gosto de si.
- Então, pediu porquê?
- Para lhe lembrar que os portugueses estão fartos de manchetes parvas.
- A entrevista acabou?
- Não, não... Fale-me do Fidel e do Olof Palme...
«DN» de 17 Mar 12OTELO é o único português que passou mais de uma hora com Fidel e Olof Palme. Daí ser desperdício as suas conversas com jornalistas acabarem sempre em manchetes infelizes e alarmes desnecessários. Segue-se um questionário para ajudar a dar a volta a entrevistas sem sentido.
- Otelo, como está? - Eu estou bem, mas o País está a precisar de novo 25 de Abril!
- Claro, para o mês que vem já cá temos outro...
- Não falo de calendário, falo das massas...
- Estou a ver, também é fã da culinária italiana?
- Não, pá, eu estou a falar da revolução.
- Do novo iPad? Também adoro, aquilo é que muda a tecnologia toda.
- Qual iPad?! Refiro-me à tomada do poder pelo povo.
- O povo é quem mais ordena e é verdade. Mandamos vir outra cerveja?
- O camarada jornalista parece-me tão alienado como os seus colegas do tempo da Outra Senhora. As Forças Armadas vão ter de sair à rua para lhe devolver a liberdade.
- As FA a abrir secções de Perdidos e Achados? Não tem lido os jornais? Há crise, não é altura de aumentar tarefas aos militares.
- É exatamente por causa dessa crise que os militares têm de sair dos quartéis!
- Mas eles já saem e entram. Todos os dias, sem drama.
- Espere aí: não me pediu a entrevista para eu fazer mais um apelo à insurreição?
- Não, Otelo. Gosto de si.
- Então, pediu porquê?
- Para lhe lembrar que os portugueses estão fartos de manchetes parvas.
- A entrevista acabou?
- Não, não... Fale-me do Fidel e do Olof Palme...
Etiquetas: autor convidado, F.F
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