Ou há moralidade...
Por Manuel António Pina
O OMNIMINISTRO Miguel Relvas informara os portugueses de que as excepções aos cortes salariais na TAP e na CGD foram só "adaptações". Ontem Vítor Gaspar desmentiu-o: os cortes serão aplicados "sem excepções nem adaptações". E repetiu, não fosse Miguel Relvas fazer-se desentendido: "Sem excepções nem adaptações!". E no entanto...
E, no entanto, na TAP e na CGD não haverá cortes salariais. Talvez não se trate, de facto, de "excepções nem adaptações", mas de outra coisa qualquer a que o ministro um dia dará o nome apropriado. Mas ou há moralidade ou não comem todos e RTP, ANA, STCP e IN/Casa da Moeda também já exigiram essa outra coisa qualquer, independentemente do nome que tenha.
Se a coerência fosse o forte do ministro das Finanças, pelas mesmas razões que TAP e CGD, designadamente o risco da perda de quadros, a coisa qualquer deveria aplicar-se em todas as empresas públicas e em todos os ministérios e institutos. E, do mesmo modo, todas as empresas privadas deveriam, como a Lusoponte, poder meter ao bolso 4,4 milhões, todos os bancos serem contemplados, como o BPN, com uma doação de 600 milhões, todas as construtores serem, como a Mota-Engil, subsidiadas para pagar os aumentos do IRC...
O Tribunal Constitucional haveria de, diligentemente, descobrir um expediente jurídico como o da "constitucionalidade temporária" dos confiscos dos subsídios de férias e Natal para tudo isso estar nos conformes.
«JN» de 15 Mar 12O OMNIMINISTRO Miguel Relvas informara os portugueses de que as excepções aos cortes salariais na TAP e na CGD foram só "adaptações". Ontem Vítor Gaspar desmentiu-o: os cortes serão aplicados "sem excepções nem adaptações". E repetiu, não fosse Miguel Relvas fazer-se desentendido: "Sem excepções nem adaptações!". E no entanto...
E, no entanto, na TAP e na CGD não haverá cortes salariais. Talvez não se trate, de facto, de "excepções nem adaptações", mas de outra coisa qualquer a que o ministro um dia dará o nome apropriado. Mas ou há moralidade ou não comem todos e RTP, ANA, STCP e IN/Casa da Moeda também já exigiram essa outra coisa qualquer, independentemente do nome que tenha.
Se a coerência fosse o forte do ministro das Finanças, pelas mesmas razões que TAP e CGD, designadamente o risco da perda de quadros, a coisa qualquer deveria aplicar-se em todas as empresas públicas e em todos os ministérios e institutos. E, do mesmo modo, todas as empresas privadas deveriam, como a Lusoponte, poder meter ao bolso 4,4 milhões, todos os bancos serem contemplados, como o BPN, com uma doação de 600 milhões, todas as construtores serem, como a Mota-Engil, subsidiadas para pagar os aumentos do IRC...
O Tribunal Constitucional haveria de, diligentemente, descobrir um expediente jurídico como o da "constitucionalidade temporária" dos confiscos dos subsídios de férias e Natal para tudo isso estar nos conformes.
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2 Comments:
Estou de luto - por me ter batido por correr com o governo Sócrates e vê-lo substituído para algo inimaginável - um governo ainda pior!
O facto do saque dos bens públicos começar numa fase tão inicial desta governação só pode querer dizer a pouca convicção de quem governa de que se vai manter por lá muito tempo!
Bem haja, caro Manuel António Pina, muito bem haja por escrever o que escreve.
Que não lhe faleçam a vontade e a caneta.
E que os "deuses" ou o que quer que seja lhe conservem a retidão, a clareza e a frontalidade.
Que assim o mal existe mas não fica travestido de outra coisa qualquer. O que é um bem.
Eu cá fiz tudo o que podia, e que foi muito pouco, para correr com Sócrates e seus rapazes, como farei o que puder para enxotar os que nos delapidam os recursos, a saúde e a dignidade. E esta determinação vem-me, em boa medida, de ideias e de textos como os que vai expondo.
Por isso lhe sou profundamente grato.
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