16.3.12

A política em quatro linhas

Por Ferreira Fernandes

FALAR DE FUTEBOL é difícil quando as camisolas nos toldam o raciocínio, mas valem-nos os jogos como o do Chelsea, na quarta-feira.
O Chelsea é-nos longínquo, ainda bem, pois podemos entender política condensada em 90 minutos. É um case study, este Chelsea, merecendo ser analisado nas universidades de verão de quem quer fazer carreira, do CDS ao Bloco.
Como se lembram, há dias houve a defenestração de D. Luís André de Pina Cabral e Villas-Boas (é assim que se chama na Wikipedia). Suspeitou-se que a sua juventude era a causa da queda, e de facto Villas-Boas tinha a idade dos sindicalistas da equipa (Terry, Drogba, Lampard...) Porém, o problema dele não eram os verdes anos, mas não ter visto a série Yes, Minister. Os funcionários da casa têm um poder real que os ministros ou treinadores, sempre de passagem, não têm.
O Chelsea nem ganhou metade dos jogos que fez sob a direção do português - leia-se, os seus jogadores, porque não foram seduzidos por Villas-Boas, não se importaram de trair o patrão e os adeptos, perdendo sem pudor. Abramovich, patrão mas pouco, vergou-se aos insurretos e despediu o treinador. Tendo isto acontecido, o Chelsea passou a jogar com garra e vai em frente na Champions. Foi grotesco ver Terry dar ordens aos seus companheiros de golpe de Estado, enquanto o novo treinador se remetia ao estatuto de fantoche. E, nas bancadas, os adeptos só viam circo onde tinha havido uma batalha de poder.
«DN» de 16 Mar 12

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