19.3.12

Inquirirdes

Por João Paulo Guerra

PSD e CDS não queriam o Parlamento a investigar o caso do BPN e, por isso mesmo, há cerca de duas semanas inviabilizaram a criação de uma comissão de inquérito proposta pelo BE e votada favoravelmente por PS e PCP.

Entretanto, o PS, que tinha votado favoravelmente a criação de uma comissão de inquérito ao BPN proposta pelo BE, tomou a iniciativa de anunciar que iria propor a criação de uma comissão de inquérito potestativa. Com a proposta do BE chumbada, bloquistas e comunistas manifestaram o respetivo apoio à proposta do PS para uma comissão de inquérito potestativa ao caso do BPN.

Entrou toda a gente em fase de expetativa. Até que, duas semanas de impasse mais tarde, o PS anunciou a intenção de avançar com uma comissão de inquérito ao BPN, com o apoio dos partidos da esquerda. Poucas horas depois, PSD e CDS apresentaram ao Parlamento um pedido para a criação de uma comissão de inquérito ao BPN.

Porém, a comissão de inquérito proposta pelo PSD e CDS só deveria começar os respetivos trabalhos no dia seguinte à conclusão do processo de reprivatização do banco. Ou seja, comissão parlamentar de inquérito, sim senhor, mas só depois do BPN ser arrematado pelo preço simbólico de 40 milhões.

Foi depois do episódio do PSD e CDS avançando sozinhos que se deu o milagre do consenso em São Bento: PSD, PS, CDS, PCP e Os Verdes chegaram a consenso para que a comissão avançasse de imediato e com caráter abrangente. O limite da abrangência é que não se toque na avaliação da privatização do banco, ou seja, se deixe concretizar a pechincha.

Vendo bem o andamento das coisas, já se adivinha que com tanto consenso e abrangência a Comissão de Inquérito ao BPN vai ser também... inconclusiva.
«DE» de 19 Mar 12

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