Destas normas Bruxelas não manda
Por Ferreira Fernandes
ESTE fim de semana privei com vários funcionários europeus em Bruxelas. Quis saber sobre o que é frequentar os lobbyistas das farmácias, os legisladores do plantio da oliveira, os distribuidores das quotas do atum. De todos tentei adivinhar se a Europa já era o terreno da sua ambição ou mero trampolim para subirem na pátria. Enfim, estando na capital do império quis beber ensinamentos para a periferia onde vivo. Segue-se o mais notável que me contaram...
Numa destas manhãs, uma portuguesa com de 20 anos de Bruxelas, vivendo num bairro no meio da cidade, acordou com a campainha pressionada por dedo fixo, intermitente. Sobre o som estridente ela ouviu um altifalante que gritava um nome: "Carlos Silva! Carlos Silva!". Era o nome (que eu mudei) do filho. Ela espreitou pela janela e viu dois polícias, correu ao quarto e viu o filho a dormir, foi à porta e disse: "O meu filho está a dormir". O polícia, falando para o altifalante: "Acorde-o! Carlos Silva! Carlos Silva!" O rapaz já acorria, assustado. E ele ouviu, sempre do altifalante: "Tens o carro mal estacionado na praça do mercado!" O rapaz foi buscar a chave e correu com o altifalante perseguindo-o: "'Vite'! Depressa!" Mudou o lugar do carro, pagou 25 euros de multa.
Os pais adoraram a lição ao filho (até porque, se o carro tivesse sido rebocado, pagariam muito mais). E eu, nesta Bruxelas que tanta norma me impõe, sem perceber porque não me exportaram esta civilização.
«DN» de 19 Mar 12ESTE fim de semana privei com vários funcionários europeus em Bruxelas. Quis saber sobre o que é frequentar os lobbyistas das farmácias, os legisladores do plantio da oliveira, os distribuidores das quotas do atum. De todos tentei adivinhar se a Europa já era o terreno da sua ambição ou mero trampolim para subirem na pátria. Enfim, estando na capital do império quis beber ensinamentos para a periferia onde vivo. Segue-se o mais notável que me contaram...
Numa destas manhãs, uma portuguesa com de 20 anos de Bruxelas, vivendo num bairro no meio da cidade, acordou com a campainha pressionada por dedo fixo, intermitente. Sobre o som estridente ela ouviu um altifalante que gritava um nome: "Carlos Silva! Carlos Silva!". Era o nome (que eu mudei) do filho. Ela espreitou pela janela e viu dois polícias, correu ao quarto e viu o filho a dormir, foi à porta e disse: "O meu filho está a dormir". O polícia, falando para o altifalante: "Acorde-o! Carlos Silva! Carlos Silva!" O rapaz já acorria, assustado. E ele ouviu, sempre do altifalante: "Tens o carro mal estacionado na praça do mercado!" O rapaz foi buscar a chave e correu com o altifalante perseguindo-o: "'Vite'! Depressa!" Mudou o lugar do carro, pagou 25 euros de multa.
Os pais adoraram a lição ao filho (até porque, se o carro tivesse sido rebocado, pagariam muito mais). E eu, nesta Bruxelas que tanta norma me impõe, sem perceber porque não me exportaram esta civilização.
Etiquetas: autor convidado, F.F
3 Comments:
BATERAM À PORTA DE GENTE CONHECIDA E BEM COLOCADA,GENTE FIXE!
COMO PROCEDERIAM COM COM TROLHA,OU O CARPINTEIRO?
perdoar seria muito mais grave, mas eu persigo a utopia!
Para mim, o que me "traumatiza"são os 25 Euros. Cá, no mínimo e pondo de parte o reboque, seriam 60 Euros. Deve ser porque ganhamos mais...está-se a ver.
Há gentinha que se preocupa sobretudo com os montantes...
Os mesmos do costume...não têm elixir de mudança.Não contam!
Enviar um comentário
<< Home