«Dito & Feito»
Por José António Lima
VAI POR AÍ um extraordinário coro de carpideiras, pontuado por múltiplas recriminações e lamentações sobre o teor do prefácio de Cavaco Silva ao livro Roteiros VI, onde faz o balanço do ano político de 2011.
Que o Presidente da República quebrou o consenso político e abriu clivagens desnecessárias. Que fez agora revelações que antes ocultara. Que foi inoportuno, lançando críticas institucionais em pleno exercício do cargo, não esperando por sair de Belém. Que levou a cabo uma vingança pessoal sobre um ex-primeiro-ministro. Que atacou o PS, unindo-o em torno de Sócrates. Que criou instabilidade e promoveu a divisão entre os portugueses. E por aí fora.
Este muro de lamentações foi crescendo e sendo alimentado, ao longo da semana, por um misto de hipocrisia partidária e de opiniões da generalidade dos analistas, que foram na onda politicamente correcta. Vejamos ponto por ponto.
O PRESIDENTE quebrou o consenso e abriu clivagens desnecessárias? Mas já se esqueceu que houve uma gravíssima crise em 2011, que dividiu o país, provocou eleições e um pesado castigo eleitoral da anterior maioria, que deixou Portugal à beira da bancarrota? Cavaco disse agora o que antes ocultara? Só para quem quer passar uma esponja sobre os seus contundentes alertas sobre a governação de Sócrates em Janeiro, Março, Junho ou Novembro de 2010 ou sobre o seu discurso de tomada de posse em Março de 2011. Só devia expressar-se sobre o tema quando saísse de Belém, daqui a quatro longos anos? Então e Mário Soares não fez congressos e comícios em Belém contra a ‘democracia de insucesso’ do então primeiro-ministro Cavaco Silva? E Jorge Sampaio não lançou, ainda em Belém, diagnósticos duríssimos sobre a governação de Santana Lopes? Será que Sampaio uniu o PSD em torno de Santana? Alguém acredita nisso? E alguém acredita que Seguro e o que resta dos socráticos estão agora muito unidos e felizes no PS?
NUM prefácio que é um excelente e ilustrativo retrato político do ano 2011, Cavaco Silva limitou-se a fazer política. Ao seu melhor nível, que é o que se espera de um Presidente da República. Mas, pelos vistos, há quem deseje um Presidente politicamente asséptico, incolor e inodoro. Desenganem-se.
«SOL» de 16 Mar 12VAI POR AÍ um extraordinário coro de carpideiras, pontuado por múltiplas recriminações e lamentações sobre o teor do prefácio de Cavaco Silva ao livro Roteiros VI, onde faz o balanço do ano político de 2011.
Que o Presidente da República quebrou o consenso político e abriu clivagens desnecessárias. Que fez agora revelações que antes ocultara. Que foi inoportuno, lançando críticas institucionais em pleno exercício do cargo, não esperando por sair de Belém. Que levou a cabo uma vingança pessoal sobre um ex-primeiro-ministro. Que atacou o PS, unindo-o em torno de Sócrates. Que criou instabilidade e promoveu a divisão entre os portugueses. E por aí fora.
Este muro de lamentações foi crescendo e sendo alimentado, ao longo da semana, por um misto de hipocrisia partidária e de opiniões da generalidade dos analistas, que foram na onda politicamente correcta. Vejamos ponto por ponto.
O PRESIDENTE quebrou o consenso e abriu clivagens desnecessárias? Mas já se esqueceu que houve uma gravíssima crise em 2011, que dividiu o país, provocou eleições e um pesado castigo eleitoral da anterior maioria, que deixou Portugal à beira da bancarrota? Cavaco disse agora o que antes ocultara? Só para quem quer passar uma esponja sobre os seus contundentes alertas sobre a governação de Sócrates em Janeiro, Março, Junho ou Novembro de 2010 ou sobre o seu discurso de tomada de posse em Março de 2011. Só devia expressar-se sobre o tema quando saísse de Belém, daqui a quatro longos anos? Então e Mário Soares não fez congressos e comícios em Belém contra a ‘democracia de insucesso’ do então primeiro-ministro Cavaco Silva? E Jorge Sampaio não lançou, ainda em Belém, diagnósticos duríssimos sobre a governação de Santana Lopes? Será que Sampaio uniu o PSD em torno de Santana? Alguém acredita nisso? E alguém acredita que Seguro e o que resta dos socráticos estão agora muito unidos e felizes no PS?
NUM prefácio que é um excelente e ilustrativo retrato político do ano 2011, Cavaco Silva limitou-se a fazer política. Ao seu melhor nível, que é o que se espera de um Presidente da República. Mas, pelos vistos, há quem deseje um Presidente politicamente asséptico, incolor e inodoro. Desenganem-se.
Etiquetas: autor convidado, JAL
2 Comments:
Parecem-me muito válidos e pertinentes os argumentos de José António Lima.
Mas considero Cavaco Silva um dos grandes responsáveis pelo estado a que o país chegou e classifico o seu desempenho da função presidencial como uma lástima.
Pelos mais diversos motivos, a começar pelo tipo de amigos que ao longo da sua vida política foi "selecionando".
E também pelo "namoro" inicial com Sócrates, que não podia acabar bem...
Passando pelo apoio àquela grande figura que conseguiu abandalhar o sistema de ensino ainda mais do que ele estava, sem deixar nada melhor...
Agora temos tudo em cacos. E mais um presidente que supõe que o país ou os portugueses lhe devem muito.
Eu, a minha parte, já paguei. Muito caro. E à força.
Etc..
Não vale apenas esconder o obvio,ou seja,o ajuste de contas.
E os efeitos perniciosos para a relação de confiança entre os cidadãos e o P.R.
De genial, Sócrates passou a besta...
Qdo Sócrates era genial para o PR permitiu-lhe tudo,portanto foi conivente e cumplice.Devia assumir,como bom cristão que diz ser...
Quando é que a direita reconhece que Cavaco não tem perfil...
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