21.3.12

Retrato do assassino de mota

Por Ferreira Fernandes

O NORUEGUÊS maluco parece ter feito filhotes. Agora anda no Sul de França e de scooter. Atira sobre militares, o que começa por lhe dar um ar de anarquista. Mas, afinal, dos militares três são de origem magrebina e um é negro das Antilhas, o que nos coloca, por maioria, na pista antiárabe, ou, mais geral, na pista de tipo que não suporta não-brancos. Depois, houve o assassínio de quatro judeus, dos quais três crianças. Temos o perfil baralhado? Se calhar, não: ele gosta é de matar pessoas. Nos atentados ele andou de scooter Yamaha, modelo TMax 530, disparou com pistola de calibre 11,43 e agiu com intervalos de quatro dias de preparação.
Os especialistas apresentam-nos os assassinos em série com fetichismos que os fazem repetir os artefactos e os modos de agir. Receio que a realidade seja mais simples e já hoje ou daqui a oito dias (e não sexta, como julgamos ser norma neste) alguém vindo de carro e com outro tipo de arma atue em Paris (para onde foi de TGV), dispare, ou mate de outra forma, franceses com antepassados gauleses até há quinta geração.
O que eu quero dizer é que se gosta de emprestar lógicas, justificações e constâncias a quem a única certeza que provou até agora é o gosto absurdo de matar. Provavelmente esta minha teoria não ajuda muito a polícia a prever o próximo golpe, mas pelo menos livra-a de pistas falsas. E, sobretudo, dá o mais perfeito retrato do assassino: ele gosta é de matar.
«DN» de 21 Mar 12

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1 Comments:

Blogger brites said...

Ele gosta de matar,é certo. E não lhe regateiam incentivos...esquisito,não é?

Nos incentivos é que nos devemos concentrar.

22 de março de 2012 às 08:41  

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