38 anos
Por João Paulo Guerra
Um MATUTINO de ontem apregoava que a Polícia «está a preparar um regime de tolerância zero» para o 25 de Abril e respectivas manifestações.
Ora a bem dizer esta notícia terá 38 anos. Por este dia, em 1974, a Polícia estaria a preparar a «tolerância zero» para toda e qualquer manifestação. E na tarde do próprio dia 25 de Abril, na baixa do Porto, a Polícia ainda carregou sobre manifestantes que já celebravam e exerciam a liberdade de manifestação acabadinha de conquistar.
Claro que a intolerância dos nossos dias não tem que ver com os próprios polícias que, com o 25 de Abril, conquistaram pelo menos o direito de associação, criando os seus sindicatos, e a liberdade de manifestação, exercida e também reprimida tantas vezes, a mais famosa das quais é a do episódio «secos e molhados» vivido em 1989, no auge da democracia cavaquista. Mas quanto a instituições, algumas há que por mais que os tempos avancem mais elas recuam para a idade do chanfalho.
As fontes da notícia pretenderam obviamente, a dois dias das comemorações do aniversário do 25 de Abril, intimidar e manter em casa potenciais manifestantes. Mas a verdade é que há 38 anos quanto mais a tropa recomendava o recolher mais o povo saia à rua. E se assim não fosse o mais certo seria que o 25 de Abril tivesse também recolhido antes da democracia, como já acontecera em 16 de Março.
Mal vai o regime que se faz ouvir através do chefe da Polícia. E mal vão os chefes da Polícia que, em vez de lerem a Constituição da República, se dedicam a leituras de relatórios e romances de cordel em que cada cidadão é um suspeito até prova em contrário. E que em cada esquina há uma conspiração, nem que seja um remake da ridícula conspiração dos pregos.
«DE» de 24 Abr 12
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