Hollande ganhou mais do que parece
Por Ferreira Fernandes
FRANÇA. Como se esperava, a segunda volta fica para Hollande e Sarkozy. Ontem votou-se, entre as tantas alternativas, em que[m] se gosta. Tradição francesa: primeira volta, voto a favor de alguém. Facto relevante de ontem: a extrema-direita, Marine Le Pen (18 por cento), tem muita gente a gostar dela. O seu pai, Jean-Marie Le Pen, nas últimas presidenciais, em 2007, teve metade do que teve agora a filha, causando a ilusão de que a extrema-direita francesa estava em desaceleração. Por outro lado, o candidato mais mobilizador desta campanha, Jean-Luc Mélenchon, de extrema-esquerda (aliado ao PCF), teve ontem menos votos do que prometiam as sondagens.
E assim se vai para 6 de maio, em que se votará contra aquele que mais se rejeita. É essa a tradição: segunda volta, voto contra alguém. Mélenchon já apelou a votar em Hollande, o centrista François Bayrou hesita e Marine Le Pen não vai escolher ninguém - mas a verdade é que nenhum é dono dos votos que ganhou ontem, e os seus apelos não são decisivos.
Mais importante é a campanha que os dois candidatos vão fazer nas próximas duas semanas: Hollande vai para o centro (pode ir, porque à sua esquerda não se foi tão forte como o previsto) e Sarkozy vai mais para a direita (tem de ir, porque esse lado se revelou demasiado forte). Por isso, Hollande foi o vencedor de ontem, e não por ontem ter chegado em primeiro lugar. Ele vai criar menos votos contra e, à segunda volta, isso conta.
«DN» de 23 Abr 12Etiquetas: autor convidado, F.F
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