Alô, portugueses! Alô, portugueses!...
Por Ferreira Fernandes
ESCREVI aqui, há dias, que entendi bem o artigo de Passos Coelho no Financial Times. Neste, o primeiro-ministro sublinhava que "não há garantias" de que, em setembro de 2013, na data prevista para o fazer, já pudéssemos recorrer aos mercados como qualquer outro país.
Havia no texto de Passos Coelho uma mudança no discurso recente dos governantes. Até aqui, era: nunca mostrar dúvidas, se não o lobo mau dos mercados vem e come-nos. Mas Passos Coelho foi para um jornal - e o jornal que os mercados leem! - mostrar dúvidas. Então, eu concluí: como o primeiro-ministro não é irresponsável, ele não falava lá para fora, para os mercados, mas cá para dentro. Foi esse, aliás, o título da minha crónica: "Falar lá fora cá para dentro." Cá dentro onde é necessário cerrar fileiras, engolir em seco, convencer as pessoas de ainda terem de amochar mais, e muito.
A prioridade do Governo mudou: agora, é convencer-nos. A nós, não à Moody's. Entre a gente que, nos jornais e televisões, anda agarrada ao periscópio a tentar topar o rumo das coisas, não houve muitos que tivessem assinalado essa mudança de estratégia de comunicação. Ainda me perguntei: será que me enganei? Calculem a minha gratidão quando ouvi a ministra da Justiça a dar-me a mão: "O País chegou de facto à bancarrota", disse Paula Teixeira da Cruz.
Confirma-se, agora estamo-nos nas tintas para os mercados. A preocupação do Governo és tu, leitor, e só.
«DN» de 22 Abr 12
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