9.4.12

La Lys

Por Pedro Barroso

NÃO FAÇO uma ideia onde seja, nem que tamanho tenha o raio da terra.
Será sempre um nome, uma memória dividida, no seu sabor para mim.
Criança apenas, todos os dias nove de Abril, meu pai tinha a antipática rotina de me levar ao cemitério da aldeia, precisamente ao talhão dos combatentes da Grande Guerra. Em memória de meu avô.
E eu, contrariado, lá ia. Pela mão. Vestindo o meu fatinho de veludo azul.
Pequenino e tropeçando. Olhando de lado para aqueles mortos todos.
Um pesadelo garantido para meses a fio.
Não achava piada nenhuma àquilo, sinceramente. Tinha de se ter um ar sério.
Penteavam-me o cabelo de uma forma estúpida e o fato tinha costuras que arranhavam.
Logicamente. Aquilo era um castigo.
Mesmo que eu nada tivesse feito de errado, a cada dia nove de Abril, era sabido – visita cultural ao cemitério! (...)

Texto integral [aqui]

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3 Comments:

Blogger José Batista said...

Comovente.

9 de abril de 2012 às 17:53  
Blogger Maria said...

Gosto de saber coisas das guerras. Não que goste delas, sou pacifista de nascença e medrosa por natureza. Mas são estas pequenas histórias, que fazem a História. Valente Homem, se avô! E inteligente, também.
Achei linda a maneira como conta a grande aventura, por ele vivida. Comoveu-me o seu orgulho por ele.
É bom sentir orgulho dos nossos.
Parabéns e obrigada, por esta história, que não vou esquecer.
Maria

10 de abril de 2012 às 20:16  
Blogger Graça Noronha said...

O meu avô Joaquim também combateu na Guerra de 14-18, também passou muita fome (contava que costumavam procurar no lixo cascas de batata, as coziam e retiravam a pele com cuidado para comer), foi gaseado e também foi promovido a cabo. A sua história trouxe-me a memória do meu avô.

16 de abril de 2012 às 22:54  

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